Minha filha tá fora e perguntou-me pela Cidade Maravilhosa. O que seriam algumas lnhas de e-mail cresceu e tomou forma. Envio para o Correio da Lapa, caso o editor avalie que procede.
Abraço
Ricardo Ruiz
RE o Rio continua o mesmo:
Quando chove a cidade vira lagoa
Quando não chove faz aquele calor
A praia tá sempre cheia e os bares também.
Os copos estão sempre carentes,
quando esvaziados choram até que sejam novamente preenchidos.
As meninas como sempre vistosas e virtuosas
Os rapazes como sempre paquerando
Os trabalhadores fingindo que estão trabalhando
Os patrões fingindo que estão pagando
Os desempregados fingindo que procuram emprego
Os gays fingindo que são alegres
Os coroas fingindo que são jovens
As pirralhas fingindo que já são mulher
A Lapa fingindo que é São Paulo
O Leblon fingindo que é chique
As socialites fingindo que são faveladas
As peruas fingindo que são madames
Os garçons escondendo que o chopp tá quente
Na hora da conta em vez de esconder inventam despesas
Os guardas municipais multando pra enriquecer o prefeito
A PM tirando a pão da boca dos assaltantes
Será que os PMs não pensam que os bandidos
também tem filho pra criar ?
Os camelôs não vendem mais produtos paraguaios
Agora até o uisque paraguario vem da China
Os políticos vendendo o pré pré-sal a preço de banana
Como sempre fingindo que são oposição
E o governo finge que é administração
Ainda bem que amanhã tem Fla X Vasco
Se não faltar luz no Engenhão...
Que troço chato, que música chata, quero voltar pra casa.
Estou tapando os meus ouvidos porque não quero ouvir um montão de gente falando de mim.
Essas flores cheiram mal.
Vovó disse que tem 3 mil pessoas enterradas aqui. Esse casamento então é num cemitério? Meu Deus! Fantasmas. Eu não quero ouvir, sai pra lá, Shakespeare.
Me leve de volta pro maternal.
Ela virou princesa, eu não quero virar sapo.
Se é pra falar agora ou calar pra sempre, prefiro não ouvir o que estou ouvindo lá no fundo de mim mesma.
Caraca, isso ainda vai demorar muito?
Dama de honra igualzinha tem muita, eu gosto é da câmera. Eu não gosto da Band, eu quero é a Globo.
Eu tapo o ouvido, não escuto ninguém e roubo a festa. Aprendi. Eu gosto é da câmera.
Pronto, botei a mão na cabeça. Já fiz o que James pediu pra eu fazer na hora do beijo. Quero ver agora se ele vai me dar o lanche dele na escola segunda-feira.
Quero que vocês dois se fodam.
Puta que pariu. Bebi muito ontem à noite.
Caraca! O príncipe já está careca
A safada ficou com o meu cara.
Meninos, é bom ficar de olho aí.
Os dois podiam ser mais discretos.
Estou com fome. Quero leite.
Que saco! Que casamento mais enjoado!
Esses dois vão ficar nessa o tempo todo?
Essa igreja tem muito eco.
Eu queria estar na minha casa vendo Rebecca Black cantando com Justin Bieber.
Estou com fome, eu assumo: uma pipoca me sacode. Quero um croquete com maionese.
Que zumbido é esse no meu ouvido?
(Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, Rio de Janeiro, com Huffington Post)
Confederação Israelita do Brasil processa
Partido Comunista Brasileiro
Foi publicado no site do Partido Comunista Brasileiro o artigo “Os donos do sistema - o poder oculto: de onde nasce a impunidade de Israel”, de autoria do jornalista Manuel Freytas, que, de acordo com a Confederação Israelita do Brasil (Conib), "utilizando-se de imagens apelativas, fortes distorções da realidade, argumentos conspiratórios e claramente antissemitas, acusa os judeus de controlarem a mídia, os bancos e as corporações transnacionais, além de arsenais nucleares e bancos centrais. O partido, ao veicular o texto, demonstra alto grau de desconhecimento do cenário político-econômico internacional, além de repetir velhos chavões, oriundos da apócrifa obra “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, farsa montada pela polícia czarista da Rússia, no século XIX. Dessa forma, incentiva a discriminação e a proliferação da intolerância religiosa, étnica e racial em nosso país, onde tais pregações não têm acolhida”. Com base nas leis brasileiras que tratam de racismo e discriminação, bem como na lei orgânica dos partidos políticos, a entidade entrou com representação na Procuradoria Geral Eleitoral, pedindo a instauração de inquérito para a apuração e punição dos delitos cometidos pelo PCB. “A finalidade da representação é evitar que abusos e inverdades desencadeiem preconceitos contra a comunidade judaica brasileira”, explica a Conib.
O MUNDO PERGUNTA: Ninguém sabe onde William e Catherine vão passar a lua de mel. Ninguém sabe como será o vestido de Kate nem quem recebeu a incumbência de desenhar e costurar. Alguns acreditam que os noivos vão curtir o Quênia, terra do pai de Obama, que aliás não foi convidado, claro, o esquema de segurança seria ainda mais complicado. Será que Kate e William curtirão algum lugar no Brasil? Onde poderia ser? Uma das ilhas com belas mansões em Angra dos Reis? Alguém tem sugestão? Morro do Alemão, ou no Maze Inn do britânico Bob lá no alto da favela rente ao Catete, subida ali pela Rua Bento Lisboa? Ou Restinga de Marambaia? Será que tem Dilma nesse circuito? Alguém tem palpite?
Não há nova Catarina de Aragão nem nova Ana Bolena. Nada há de novo sob o Sol. A Iurd, telecaptadora com/e-da/e/na/e/the same Record, desaparecerá em menos de 50 anos. Será? É enseada midiática. Jesus é programa de TV. Os fiéis são os mesmos acossados - a bout de soufle - por outras telecaptadoras. Os pastores falam em nome de Cristo. Usam gravata e ameaçam quem não doar com amor a queimar no mármore do inferno. Não deram exemplo. Exigem dízimo. Estão em Brasília.
Macedo presta serviço a Macedo
A Igreja Universal do Reino de Deus, uma análise sem paixão
Embora não creia em vida longa para a Iurd, Igreja Universal do Reino de Deus, creio em sucesso crescente da Rede Record. Assim como a população da índia vai ser maior que a da China dentro de uns 15 anos, assim como a economia chinesa vai superar a dos EUA dentro de uns 20 anos, creio que a Record tem elementos para se tornar mais forte do que a Rede Globo dentro de poucos anos. Já a Iurd, perto das outras cristãs, sei lá, não levo fé. Começou chutando a santa. Vai acabar chutando o rebanho.
Não estou discutindo credo, mas formulando uma análise ligeira do nascimento, crescimento e futuro da Iurd, e tanto faz se Macedo crê em Deus ou não. Pouco importa se alguém torce contra ou a favor da Globo. Do mesmo modo, para supor que a população da Índia será maior do que a da China antes de 2030, não é preciso saber se alguém gosta de uma TV ou diz abaixo a outra. A população da Índia será a maior do Mundo a julgar pelos índices demográficos e análises de especialistas.
Do mesmo modo, a Record, que começou quase se confundindo com a Universal, hoje quase só transmite programa religioso fora do horário nobre, isto é, noite alta, madrugada e manhãzinha. Só programa da Iurd, nenhuma de outra evangélica. E detalhe fundamental: a Iurd paga à Record o preço mais alto inimaginável pelo minuto de exibição para um horário que só converte quem já foi convertido.
Para muitos, isso é uma forma de Macedo, líder espiritual, injetar grana alta dos dízimos (sem impostos) na rede da qual é acionista majoritário. A Record paga os tributos e assim, segundo alguns economistas, o dinheiro da fé é "lavado".
Macedo presta serviço a Macedo. A Iurd ajuda muita gente desencaminhada ensinando novos caminhos: uma vida mais bacana, em Cristo, amor ao próximo e tal. A Record presta serviço: entretém e informa. Claro. No horário nobre, a Record se assemelha à Globo cada dia mais: contrata celebridades demitidas ou por salários mais altos, faz novelas e reality show com jovens de bumbum de fora etc etc.
Com seus dez milhões de votos no rebanho, a Iurd/Universal elege deputados e senadores, negocia fatias de poder em Brasília e obtém verbas vultosas de publicidade de tudo, de bancos a operadoras, e do governo, claro, o maior anunciante e que sustenta a Globo e a Record. E as duas emissoras sustentam o governo.
A Rede Record cresceu com a Iurd, que em breve, creio, mas sem nenhuma certeza, tende a virar um anunciante menor.
(Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 26 de abril de 2011)
Flamengo despacha o Flu em mais uma derrota cardíaca
No primeiro tempo em 10 minutos, o Fluminense teve cinco chances. Comentei: estão perdendo a chance de golear. O segundo tempo será outro jogo. O primeiro, vi do Bar dos Italianos, foi atípico, aquele temporal. Duas TVs, uma quebra horas antes, outra ficou sem sem som minutos antes, e a chuva, o sinal da skay escaiu. Dos 45 minutos, que na verdade duraram hora e quinze, não teve no boteco nem 20 de transmissão, recorri ao celular, eu e mais uns dois ou três, e ouvi sem beber, a seco. Eu vinha de quase duas noites viradas, romance em fase de testes e acabamento.
No intervalo, aderi a um blend de cana de açúcar e maçã, cachaça mesmo. E me animei. Veio o segundo tempo. Eu ficando a mil. Apaguei aos 20 do segundo tempo, já depois de consumido umas sete doses em meia hora. Dormi feito criança na mesa de um bar na Rua Bambina. As outras 15 pessoas não me importunaram o sono atrasado. Acordei com a gritaria. Vai começar a cobrança dos pênaltis depois do 1 a 1. Perguntei feliz, mas não assustado: Quem empatou? Disseram. Thiago Neves. Falei: maravilha, ele foi o pior do primeiro tempo, o melhor foi o goleiro Felipe. Vamos levar nessa lotérica. Levamos. No Fluminense, vitórias e derrotas são cardíacas. Eles não choram. Eles têm calo nas lágrimas. Mas vamos torcer pra eles na Libertadores. Agora resta ao Vasco nos derrotar três vezes consecutivamente. Nem He Man, autor do gol depois de um impedimento, nem o governador vascaino Sergio Cabral Filho e nem as arbitragens coloridas que andam ajudando o Vascão vão tirar esse título, mais um rubro-negro a caminho dos quarenta Campeonatos Cariocas.
(Por Alfredo Herkenhoff, e quando falo do Mengão não sou jornalista, sou torcedor apaixonado. Xingo Patrícia Amorim como xingo a minha mãe, com a mesma desenvoltura, aqui no FB e no Correio da Lapa. Repetindo. Eu, Alfredo Herkenhoff, quando falo do .Flamengo me descontrolo: fala a paixão, nunca um repórter e nunca me arrependo).
A Itália é de Berlusconi, Mara Carfagna e Letizia Moratti
Parte 1 de 2
CANTA BERLUSCONI
Hoje resolvi pensar/lamentar na língua sorella...
Armarcord quan amaro è Arcore col quel malaio capo del puttanaio e ormai solo resta piangere per tutti i guai, magari domani sorrida, ma oggi non ce la riesco in questa Italia mia, perchè se piangi, io piango con te... Por Alfredo Herkenhoff – Correio da Lapa – Rio de Janeiro, 20 de abril de 2011
O olho clínico do chefe de governo
Mara Carfagna (foto) já foi, creio, uma vedete, apresentadora de TV, xodó de Berlusca e, claro, subiu na vida. Lá em casa tinha um bigorrilho. Hoje La Carfagna é ministra da Igualdade e das Oportunidades... Sintomaticamente mais uma bela ministra entre as mais belas descobertas pelo olho clínico do presidente Silvio Berlusconi.
Vem aí uma lei a toque de caixa para amordaçar a investigação dos escândalos sexuais envolvedo o premier. Os investigadores se veriam impedidos de recorrer ao grampo com ordem judicial, grampo, em italiano é “intercettazione”. A nova lei é tudo o que deseja agora o presidente Berlusconi. Não, não é tudo, que não existe exagero para tanta ambição.
Mister Bee também quer mudanças no governo. Em 2013, ele promete deixar a chefia dos ministros. Quer mandar de fora, fazer um primeiro-ministro fantoche, e teremos pela primeira o cargo honorífico nesse regime parlamentarista controlando de fato todos os poderes. Mas isso no médio prazo.
Agorinha o que Il Cavaliere anda fazendo é uma ajudinha para Letizia Moratti (hoje na presidência do Conselho em Milão) se reeleger prefeita de Milão, cargo que ela ganhou em 2006. As eleições municipais são no mês que vem, um teste importante para o poderoso chefão da Itália Bunga Bunga. Claro, apesar do escândalo sexual maculando a imagem do chefe do governo, Moratti vai ganhar e Berlusconi, dividir os louros.
A senhora Moratti
Berlusconi já insinua que vai buscar o cargo honorífico de presidente da Itália porque o atual ocupante, Giorgio Napolitano, ostenta duas circunstâncias que mais incomodam o presidente do Conselho dos Ministros: Napolitano é comunista e tem mais de 80 anos de idade. Berlusconi é novinho, só tem 70 e lá vai fumaça.
Berlusconi também está irritado com o velho Napolitano porque, independentemente de ser este um digno comunista, está denunciando que a mudança da lei que cria o tal processo breve (redução do prazo para livrar o premier de uma condenação por corrupção) é uma afronta à Constituição. (continua)
Milão, capital mundial da moda e da coisa fora de moda
Berlusconi, Mara Carfagna e Moratti (parte final - 2 de 2)
Trocando imagens em miúdos: enquanto Fidel Castro com uns 85 aninhos cumpre o que diz, renova (a loucura de) Cuba entregando o poder ao irmão caçula Raul Castro de 79, o premier Silvio vai, de botox em botox, botando em todo mundo.
A empresa do chefe de governo da Itália, dono de tudo, a Mediaset, é na verdade o partido político mais forte do país. E as jovens lindas com pouca roupa ficam famosas na Tivvù e depois se elegem democraticamente a partir da escolha a dedo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Tudo bem, Moratti não é beldade de harém, tem 60 e tantos. Tem um irmão na indústria de petróleo e um na direção da Internazionale, o time de propriedade de Berlusconi e que também vence quase tudo que disputa.
Milão, capital mundial do glamour fashion, está confundindo passarela das profissionais da moda com a vida real, tudo virando reality show. Mas os homens continuam elegantes de Armani e gravata, enquanto as jovens mais ambiciosas entram no circuito de biquíni ou menos roupa.
A menina Ruby, sem medo de entrar numa roubada, indaga:
- Com que roupa eu vou a festa que o senhor me convidou?
Berlusconi responde:
- Vem com qualquer uma, pode ser muita roupa, ou pouca, pouco importa, você é tão carina, coisinha bonitinha do pai: o importante é que a sua alma seja descartável.
fim
Por Alfredo Herkenhoff – Correio da Lapa – Rio de Janeiro, 19 de abril de 2011
Brasil tem poucas cantoras negras de grande voz na TV
Por Alfredo Herkenhoff (Dedico essas reflexões à saudosa psicanalista Neusa Santos Souza)
Parte 1 de 6
Pela grandeza da nossa negritude, nossa miscigenação mulata, o Brasil devia ter, nas paradas de sucesso, maior número de grandes cantoras negras, e aqui me ocorre a imagem de negra assim: negona de vozeirão! Mas não! O que temos é um número relativamente pequeno de cantoras do biotipo nariz batata fazendo sucesso e com dó de peito e ginga, técnica e fascínio.
Tirante uma Sandra de Sá, uma Margareth Menezes, uma Alcione, uma Elza Soares e outras poucas, podemos contar nos dedos da mão, ou, vendo por outro extremo, constatamos que as nossas cantoras digamos brancas, ou embranquiçadas, são a imensa maioria.
Talvez essa reflexão seja só uma ilusão, ou vacilo de interpretação antropológica em tempo real diante dos acasos. Será que apenas quis o destino que as grandes vozes negras fossem de homens, tipo Emilio Santiago, Luiz Melodia, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Agnaldo Timóteo etc. etc?.
Nos Estados Unidos não vemos este fenômeno: há uma profusão de vozes femininas de alto quilate professando o orgulho da negritude: desde Nina, Ella, Sarah, Tina Turner, Aretha, Anita Baker, uma imensa profusão, e vemos hoje gerações renovadas, Whitney Houston, Beyoncé, Rihanna, enfim, dezenas delas com altos recursos gargantuais, e estilo de cantar, prêmios, presença na grande mídia, a TV, bombadas na internet, milhões de visualizações no Youtube. (continua)
Por Alfredo Herkenhoff – Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 19 de abril de 2011.
Cantora negra: faltam oportunidades iguais no Brasil Parte de 2 de 6
No Brasil se exibe pouca cantora negra na televisão: mas temos, sim, uma quantidade bacana de boas cantoras negras cavando profissionalmente, mas que estão um degrau abaixo no patamar dessas reflexões por serem uma voz menos dó de peito, personagens mais melindrosas ou de recursos mais soft ou canoros frágeis, como Leci, Teresa Cristina, Ana Costa etc etc. Não é para elas ficarem zangadas com essa reflexão. Nara Leão tinha gogó frágil, mas o seu conjunto era excepcional. Do mesmo modo, Chico Buarque e a irmã Cristina, bons conjuntos, mas sem o tal vozeirão.
Será que estou falando alguma bobagem? Claro que estou. Mas resumindo: o Brasil precisava ter mais mulheres negras no primeiro plano das grandes vozes. Não é que falte carisma ou sorte, falta mesmo é oportunidade, ou melhor, faltam oportunidades iguais. Não é questão de repertório nem de composição, faltam oportunidades e estímulos. (continua)
Por Alfredo Herkenhoff – Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 19 de abril de 2011.
Nada mais branco do que o canto feminino no axé da Bahia Parte 3 de 6
Na Bahia, não há nada mais branquinho do que o canto feminino no carnaval de Salvador, numa contradição com a cor da pele morena da multidão dessa maravilhosa Roma Negra, nossa querida Cidade da Bahia.
Não há no meu plano pessoal nenhuma preferência por cantora A ou B por ser ser esta ou aquela branca, mulata ou negra, e do mesmo modo nada de gostar menos ou mais por preferência sexual ou opção religiosa, nada...
E quando vejo belas vozes como Ivete, Claudinha Leitte e Daniela, sinto que estou perto da verdade, ou pelo menos não muito longe de uma questão: mulheres negras com as melhores vozes estão longe do sucesso do samba. São poucas com sucesso na MPB mais generalista, tipo world music. (continua)
Por Alfredo Herkenhoff – Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 19 de abril de 2011.
Dilma faz avançar a mulher, negra ou não
Parte 4 de 6
Há quem diga que boa parte das canções populares tem letra machista e, num caso mais grave, letras dando pouca atenção a essas dificuldades excepcionais para a negra brasileira ascender social e profissionalmente em condições iguais com todas do amplo espectro das heranças étnicas que vão configurado uma identidade nacional.
Tivemos uma grande novidade neste início de 2011 com a chegada de Dilma Rousseff ao Planalto e com sua decisão de nomear um belo número de nove mulheres para o primeiro escalão. Parece que Dilma nomeou mais mulher em um mês do que Lula em oito anos. Isso é avanço concreto. Isso é inclusão sexual, sim. Lula nomeou oito em oito anos.
Temos momentos que não devem ficar esquecidos. Quando por exemplo Gilberto Gil batizou a filha de Preta o artista se sentiu ou foi compelido a explicar, porque até então só se dava nome a uma menina branquinha de Branca ou Bianca. Ora, se vem ao mundo uma fofura negra por que não botar no documento: Preta! Preta! Pretinha? (Continua)
Por Alfredo Herkenhoff- Correio da Lapa, Rio de Janeairo, 19 de abril de 2011.
Ébano, a melanina, Alcione, a grande voz Parte 5 de 6
Outro momento historicamente marcante para essa reflexão sobre a pouca presença de cantoras negras na grande mídia foi o sucesso de Alcione, anos atrás, com aquela canção Ébano, que fala: você um negão de tirar o chapéu, um príncipe negro, feito a pincel, é só melanina cheirando a paixão...
Talvez falte mais canção desse tipo, uma poética do orgulho, letra de música valorizando nesse sentido ébano a mulher negra no Brasil. Não é que essas canções não sejam feitas, é que têm pouca ou nenhuma chance de virar tema de abertura de novela, não são mostradas, não há estímulos para que sejam compostas em maior número. E da quantidade sai sempre qualidade. (continua) Por Alfredo Herkenhoff - Correio da Lapa, Rio de Janeairo, 19 de abril de 2011.
Por Alfredo Herkenhoff – Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 19 de abril de 2011. Negritude na Sapucaí é só para a ala das baianas Parte 6 de 6
No sambódromo da Sapucaí, 99% dos closes da televisão e da atenção dos fotógrafos vão para louras boazuadas, as famosas e globais do momento. A mulher negra na passarela do samba só ganha destaque na TV quando entra para a ala das baianas.
Já as cabrochas negonas mais belas e portentosas, quando não são rainhas de bateria, vão para Europa, lá tem muito príncipe branquinho de tirar o chapéu, príncipes que adoram o sucesso de Alcione ao contrario. Ébano sem preconceito e com altas contas bancárias na Itália e Alemanha. Conversa vai conversa vem, fica aí a reflexão. (fim)
Por Alfredo Herkenhoff – Correio da Lapa – Rio de Janeiro, 19 de abril de 2011
Roberto Carlos, que sepultou sua filha mais velha na tarde de sábado em São Paulo, foi à missa ontem, domingo, na igrejinha perto de sua casa, na Urca, Rio de Janeiro, como se vê na foto, missa de um ano de falecimento de sua mãe. Roberto cantou três canções acompanhado de piano. Estendeu os aplausos para cinco pessoas queridas que se foram dessa vida: seus pais, sua enteada morta na véspera, Maria Rita e o pai desta. Amanhã o artista nascido em Cachoeiro de Itapemirim faz 70 anos de idade. O show que faria em Vitória nesta terça-feira para comemorar a data foi cancelado, adiado. O Rei nos emociona na alegria e na dor.
Zulmira Fontes vai a julgamento no próximo dia 9 de maio, em Cachoeiro, Espírito Santo, por denunciar o que diz se tratar de crime contra os Direitos Humanos na Clínica Santa Isabel, naquela pequena cidade capixaba, situada a 400 Km do Rio de Janeiro.
O dono da clínica que está processando esta mulher é o médico psiquiatra Sebastião Ventury Batista. Segundo Zulmira Fontes, o dono quer silenciá-la juntamente com Nercinda Claresminda, mãe de Ana Carolina, que morreu (ou foi morta, segundo ela) dentro daquela instituição.
Zulmira Fontes promove campanha nas ferramentas sociais como o Facebook para chamar a atenção para o problema de como médicos e autoridades tratam (mal) da saúde mental no Espírito Santo.
Para as pessoas que pouco se importam com a questão, Zulmira Fontes produz uma reflexão convidando todo mundo a se perguntar:
- O que tenho eu com isso?
Ela responde e indaga:
- Sua omissão pode estar levando agora a um óbito dentro de clínicas como a Santa Izabel, em Cachoeiro de Itapemirim, ou em outras nos mesmos moldes. Até quando?
Segundo Zulmira Fontes, pessoas morrem em instituições que recebem verba do governo estadual, ou seja, você paga impostos e ainda pensa que não tem nada com isso.
Não tenho elementos para avaliar a luta que Zulmira Fontes torna pública e, de certo modo, meio constrangido, confesso que me encontro naquele segmento que não se preocupa tanto com a questão, ou que não dá tanta atenção para a loucura nesse mundo de uma razão tão louca quanto... Mas sem nenhuma participação direta na cruzada de Zulmira Fontes, vejo que seus apelos no Facebook me levaram a lembrar de outra complicação no querido Espírito Santo: a de cadeias como verdadeiras câmaras de tortura.
A propósito de Direitos Humanos, vale lembrar que o Espírito Santo desde 2008 vem chocando o Brasil e mundo pela forma como trata de seus detentos pobres: por falta de espaço, contêineres foram transformados em celas metálicas de calor infernal e não como prisão provisória, mas como descaso atávico da autoridades.
Aliás,o Estado também tem o triste status de ser um dos mais violentos do país, com execuções constantes de jovens na Grande Vitória, conjunto de cinco cidades que reúnem mais de dois terços da pequenina população capixaba que totaliza apenas três milhões e quinhentos mil habitantes.
Espírito Santo, terra de contrastes, economia a mil por hora, mas também de sérios problemas de administração de políticas públicas.
Eis um vídeo com uma propaganda, um tom ufanista, sim, claro, é do governo recém-concluído de Paulo Hartung, mas não longe da verdade. O vídeo apenas esconde problemas. O Espírito Santos está sim a mil. Está com chances de se tornar um dos Estados mais ricos do Brasil.
O Espírito Santo vive um ciclo de crescimento econômico bem acima da média do país, seja no setor industrial com minérios, aço, petróleo e gás off shore, mármore, rochas ornamentais etc, seja no agropecuário, com café, boi, suinocultura, fruticultura, turismo etc.
Terra de gente boa (numa bela miscigenação) descendente de índios, portugueses, africanos, libaneses, alemães e italianos (maior percentual de oriundi em termos relativos no Brasil). Sim, terra que já foi vista como tão pobre quanto o mais pobre Estado nordestino, mas que hoje mostra ter potencial para pensar mais em padrão sulino tipo Paraná e Santa Catarina do que disposição para continuar aceitando tantos erros ancestrais quando se pensa em autoridade com disposição para inovar e corrigir tantas falhas.
A autoridade capixaba precisa de estímulos da sociedade civil para avançar no terreno ainda pantanoso das condições de Saúde, Educação e Segurança. Zulmira Fontes está mexendo na questão da Saúde no Espírito Santo e isso incomoda muita gente. Não sei se ela é expert no tema, tive a sensação de que não é, de que está sim agindo instintivamente, por humanidade, algo que tornaria ainda mais sublime uma súbita militância.
Alô! Lacanianos do Rio e de São Paulo! Alô! Alô colegas jornalistas das redes de televisão! Alô programa Fantástico? Está na hora de abrir o olho para o Espírito Santo, abrir o olho para a questão social e doentias dos manicômios. Alô Petrobras e Vale! Alô governador Renato Casagrande, desejando-lhe sorte na administração recém-iniciada! O Espírito Santo tem muito potencial econômico e social para ficar perdendo tempo, saúde e paciência. Até quando? (Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, Rio de Janeiro, em 18 de abril de 2011)
Você que não mora no Rio de Janeiro não venha aqui tirar onda na Cidade Maravilhosa, que agora tem a Lei Seca, que aqui não é papo de botequim. Foi-se o tempo em que ele, então governador, saía do palácio, na surdina, detonava o estrondo da turbina de um jatinho privacy e minutos depois de aterrissar ...na belíssima paisagem noturna e na pista do Santos Dumont, jazia empertigado na passarela do Palácio do Samba, Mangueira. Ele mesmo, daquela família que tanto mal fez ao Rio de Janeiro, ou você não acha que JK, só por ter sido este um moderninho, não estuprou a nossa querida Muy Leal Ciudad de San Sebastián? JK foi morto num atentado rodoviário que ele mesmo engendrou. O Rio foi capital de três Estados nacionais: Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, Império do Brasil e República do Brasil. Brasília esvaziou economicamete o Rio e tentou humilhar a alma de uma cidade que ainda e sempre será a verdadeira capital amada por todos os brasileiros.
Já era mais do que hora de deixar de ser pó de traque... E viva os esforços dos governantes da cidade, do Estado e Planalto para a cidade fazer bonito em 2014 e 2016. Lei Seca, sim, Sr. Senador.
Família da cidade de Columbus, Ohio, EUA: pais de sêxtuplos.
Fla, Flu, Vascão e Olaria já sabiam:
Joel e Muricy têm algo em comum:
não vão a lugar nenhum
Falei antes de apagar que o Vasco estava com cara de entregar o Botafogo ao Dr. Opróbrio, que não passaria pelo Olaria até porque não precisava. O empate Vasco/Olaria neste domingo linchou não o Glorioso, não a Estrela Solitária, mas a corja de Patos Donalds que maltrataram o marrento, pilequento e guinnesento líder de pagode Joel Santa Anna, aquele expert em títulos regionais, mas que não vai longe em mega competições continentais, nem Brasileirão nem Bafana Bafana. O anjo Joel saiu semanas atrás, entregando aos cartolas um Fogão na condição que ainda mantém: atual campeão carioca e com o clube então em primeiro lugar na minitabela dos grupos. O que estará pensando o professor de inglês agora que General Severiano foi eliminado das semifinais?
En passant: assim como Joel é mestre em regionais, o outro marrento, rabugento e trânsfuga das Laranjeiras, jamais um comandante inglês que nunca abandona navio algum, enfim, aquele também guinnesento matuto Mauricy das Candongas, detentor de tantos títulos nacionais nos últimos anos, não vai a lugar nenhum em matéria de competições internacionais. Vai levar para o túmulo esta sanha, senha ou epitáfio: Meu negócio é não ganhar nada entre nações.
Pena do Santos de Pelé, embora Neymar e Ganso não estejam preocupados com a urucubaca dos professores. O anjo, líder regional, e o caipira de zero fleugma british, têm algo em comum: não servem para nada além do que já fizeram.
E Ronaldinho Gaúcho, ao perder o pênalti neste domingo de um saboroso empate que manteve a invencibilidade anual do Flamengo, deu um aviso: jogo num elenco fraco e estou longe do que já fui.
Por enquanto tudo é festa. Botafogo chorou primeiro porque mereceu. Gosta de chorar até antes da hora. Entre os três grandes, Fluminense, o mais talhado para levar o títulozinho, Flamengo, o sempre mais querido e sempre eventual favorito, e Vasco esfregando as duas mãos. Olaria? Ora, fabrica tijolos. Pode acertar a testa de um ou outro.
Alfredo Herkenhoff é rubro-negro que quando fala de futebol deixa de ser jornalista. Prefere xingar, se emocionar, implicar, agredir, deixar a razão de lado e depois pedir desculpas, se arrepender. Na segunda-feira, a amizade está intacta posto que gosta de viver no Rio de Janeiro entre pessoas queridas que torcem para os quatro grandes: Fogão, Vascão, Fluzão e Mengão. (Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, em 17 de abril de 2011)
Por Alfredo Herkenhoff
Correio da Lapa – Rio de Janeiro, 16/04/2011
Itália é ditadura midiática. Berlusconi cai em armadilha Primeira parte - 1 de 5
A Itália se ferrou depois de manter por mais de duas décadas a televisão como monopólio do Estado, com a RAI – os dois canais da TV estatal que funcionavam mesmo assim como uma TV comercial, mas não tanto quanto as redes do mundo de hoje. Na Itália, por exemplo, a TV a cores chegou bem depois de chegar ao Brasil. Sabe por que? Porque havia uma compreensão de que a novidade levaria muita gente a investir apressadamente no novo aparelho – supérfluo - em detrimento de investimentos prioritários como saúde, educação e mesmo outros produtos mais úteis, como geladeira e aquecedores para o inverno etc.
Mas a verdade é que era midiática chegou ferrando a Itália e ganha hoje, com a Era Digital, uma grandeza e uma gravidade que merecem profundas reflexões. Nesses quase 30 anos de TV Particular com Vale Tudo, a Itália analfabetizou a massa, a audiência.
O país se tornou uma ditadura moderna. Tudo parecia ir bem, se o homem mais rico, dono do ibope na Itália com TVs, rádios e jornais, dono do poder político, não tivesse caído na própria armadilha em que se criou. O presidente Silvio Berlusconi é hoje um desastre midiático em escala planetária com o escândalo dos festins noturnos no estilo sexo com Bunga Bunga. Nas brechas da lei o poderoso chefão ele vai se safando, mas a sua imagem de safado cresce e se expande como uma tsunami.
Na internet todo mundo é contra Mister Bee, mas a rede pulveriza. A televisão, o mainstream, ainda é o fator político determinante. E a televisão é dele, do poderoso chefão.
Temos ainda a questão dos grampos de telefonemas que na Itália se chama intercettazione. O grampo vai ganhar uma lei ad personam, isto é, adrede votada e voltada para salvar Berlusconi, o Mister Bee, também conhecido como Il Cavaliere.
O presidente sabe que caiu num desastre midiático, mas acredita que a grande mídia ainda pode salvá-lo.
Continua
Por Alfredo Herkenhoff
Correio da Lapa – Rio de Janeiro, 16/04/2011
Berlusconi prova que sociólogos do Século 19 tinham razãoParte 2 de 5
A Itália está no centro de uma crise que é muito mais séria do que um simples escândalo sexual envolvendo o presidente Silvio Berlusconi. Muitos outros países também estão mergulhando ou mergulhados nessa crise que é de cultura, com os valores essenciais engendrando uma espécie de ditadura midiática. Todo mundo fala e vê a mesma coisa: House, CSI, Sex and city, Crepúsculo, com o vampiro pedófilo, que tem apenas 100 aninhos e pega uma estudante teen.... 17 aninhos, tal qual a marroquina Ruby, ex-prostituta e quase mordida pelo vampiro político também apelidado na Itália de Il Banana.
Hoje muito jovem na Itália também quer ser big brother. As meninas querem ser modelo ou apresentadora de TV. E para elas não vale currículo universitário, as notas, os cursos, mas o tamanho dos seios, a beleza do rosto, a roupa de grife, as medidas do corpo e a sensualidade de
gestos, caras e bocas.
Karl Marx e seus amigos alemães erraram em muita coisa, mas acertaram quando disseram que o burguês, além de dispor da sua própria mulher, em casa, dispunha de toda mulher da classe operária. Hoje o mais rico burguês da Itália, o presidente Silvio Berlusconi, dispõe de toda jovem midiática, sinônimo quase sempre de menina pobre e bonita querendo ficar rica e mais bonita, ou, se possível, querendo ficar famosa e milionária.
A propósito, o filme cubano Memórias del subdesarrollo, de 1967/68, ilustra bem esse tema tão ancestral e tão atual. Resumo do enredo: um jovem cubano rico e honesto - parece um contra-senso, mas existe sim, decide ficar na ilha comunista ao custo de uma imensa solidão. Sua família e amigos foram para os EUA. E, no aperto, ele se envolve com uma jovem linda e pobre, mas menor de idade. Quase dançou. Os tribunais de execução sumária respeitaram a honestidade do burguês apaixonado pela ilha. O filme não é bajulatório da revolução. Já mostra as primeiras maluquices da turma de Fidel Castro. O filmaço jamais passará em nenhuma grande rede de TV ocidental. Até porque é em preto e branco.
Berlusconi, que usou a sua máquina midiática para parecer bonzinho e empalmar o poder, prometendo baixar impostos e os aumentou, prometendo reduzir o número de deputados em todo a Itália e os aumentou. Prometendo gerar empregos e os reduziu, fez o contrário do que prometeu.
Ainda assim, Berlusconi detém hoje mais ou menos a metade da audiência ou metade do povo italiano em suas mãos, vendo e ouvindo e acreditando apenas no que ele diz. Noutras palavras: Berlusconi não dispõe apenas de toda pobre menina midiática. Ele põe nas novinhas e dispõe das velhinhas que não largam a telinha da TV. (continua)
Por Alfredo Herkenhoff
Correio da Lapa – Rio de Janeiro, 16/04/2011
As duas únicas acusações que ainda ameaçam Berlusconi Parte 3 de 5
Silvio Berlusconi diz que não é santo, mas não pagou para transar com a marroquina Ruby, então uma linda prostituta menor de idade. Isso na Itália é crime. Ruby, que está a caminho de fazer 19 anos, nega que tenha tido relações sexuais num Bunga Bunga com o poderoso chefão. Mas ganhou centenas de milhares de euros para abrir um negócio e assim escapar da pista. Essa explicação é do próprio Berlusconi. Esta é uma das graves acusações que pesam sobre Berlusconi: tecnicamente, se ele pegou a prostituta de 17 anos ele está incurso em crime de pedofilia.
É bem provável que ele não soubesse que ela fosse menor de idade. Ela disse que aos 17 já apontava ter mais de 20. Isso é verdade. Berlusconi gosta muito de jovens de 18 anos e um dia de idade até no máximo uns vinte e pouquinhos.
A outra grave acusação que pesa sobre Il Cavaliere foi o fato de, num impulso romântico, ter telefonado para uma delegacia onde a queridinha Ruby estava presa por envolvimento num caso de roubo com outra prostituta. Apavorada, ele disse ao delegado. “Sou amiga do Berlusca”. A conversa do presidente foi gravada pela própria polícia. O presidente do Conselho dos Ministros disse ao delegado de plantão no meio da noite: Essa jovem é sobrinha do presidente do Egito, Hosni Mubarak. Solta ela logo e nada de fotografia. Berlusconi mentiu para o delegado, para a polícia, para a lei. Isso na Itália é crime.
Mas são estas as duas únicas acusações que ameaçam o futuro do homem tão rico quanto o brasileiríssimo Eike Batista.
A ditadura moderna instalada na Itália permite ainda que Berlusconi deboche do escândalo sexual. Patenteou o termo “Bunga Bunga”. Disse que vai ficar ainda mais rico com esta marca. Ao todo 33 mulheres se envolveram nos festins Bunga Bunga na alta madrugada nas mansões e nos palácios, enfim, sexo em Milão, sexo Roma ou na paradisíaca Vila Certosa, na Sardenha. (continua)
Por Alfredo Herkenhoff
Correio da Lapa – Rio de Janeiro, 16/04/2011
Na Itália, só os deputados não têm vergonha de Berlusconi Parte 4 de 5
Esta semana, o Parlamento italiano aprovou por 314 votos a 296 uma nova lei especificamente para livrar Silvio Berlusconi da condenação de um caso de corrupção ocorrido na década de 90. Os deputados aprovaram uma redução do tempo de prescrição de processos para réus primários. Berlusconi é ficha-limpa.
Como a Justiça italiana é das mais lentas do mundo - e aliás Rui Barbosa dizia: justiça lenta é injustiça, Berlusconi foi protelando, procrastinando e tal. Mas mesmo lenta essa justiça, estava claro no rito jurídico italiano que o presidente seria condenado por suborno em menos de um ano. O caso envolve o pagamento que Berlusconi fez, de 600 mil dólares, para o advogado inglês David Mills cometer perjúrio, falar coisas a favor dele num tribunal que inocentou o réu milionário.
O que fizeram agora os deputados? Reduziram a prescrição a toque de caixa, interromperam o jogo aos 30 minutos do segundo tempo. O caso Mills iria prescrever só em 2012. Dava tempo para Berlusconi receber sentença em poucos meses. Agora o processo vai prescrever em maio. A mudança da lei está no Senado, onde o chefão tem maioria folgada.
Berlusconi passou de quarta-feira ate ontem comemorando. Seus jornais e TV mostram isso: a felicidade. Hoje, sábado, ele deve estar armando mais uma festinha. Ele não está nem aí para o que dizem os jornais de oposição.
Os italianos, a propósito são voyeurs, e a tiragem desses veículos esquerdistas ou liberais tem aumentado com o Rubygate, também chamado escândalo Bunga Bunga, que praticamente passa ao largo da TV aberta.
O Parlamento está humilhando os constitucionalistas e os juízes, está punindo os investigadores e a polícia, está envergonhando o país dentro e fora da Itália. Mas os políticos não estão envergonhados. (continua)
Berlusconi e o grampo, a “intercettazione” Parte 5 de 5
Os políticos italianos já preparam uma nova lei, a da mordaça, para restringir drasticamente o uso da intercettazione, o grampo telefônico e beneficiar diretamente o presidente Silvio Berlusconi.
Nesse vídeo já distante no tempo, de uns anos atrás, Berlusconi fala com o diretor da RAI. No meio do telefonema, o presidente pede para o cara ligar para o que parece ser uma prostituta e arrumar um empreguinho para ela.
Ou seja, essa história de que o velho ficou mulherengo apenas depois que seu casamento com Veronica (mãe de seus filhos) entrou em crise é conversa fiada. Que só virou mulherengo depois que botou uma prótese, acoplada a um botãozinho plus Viagra (basta apertar o botãozinho que o pênis sobe) é conversa fiada. Ele é mulherengo, romântico e ponto. Até aí tudo bem. Não é crime ser mulherengo com mulheres maiores de idade.
Mas é triste ver como um homem iludiu tanta gente por tanto tempo. E pior, ver que ainda ilude. Ele fez crer que a competência que teve para se tornar milionário seria usada para enriquecer a Itália. Balela. Usou para fraudar uma nação inteira. Os deputados que ainda votam nele o fazem por gratidão, amizade ou medo. Fim
O pai Ricardo Boechat, o mais paulistano dos cariocas
A CHINA NÃO É AZUL
Abril é o mês mais cruel. Parabéns atrasado para Dilma Roussef, pelos 100 dias de governo. Votei nela mesmo achando que ela só ia guardar cadeira para o nosso querido Lula da inclusão social retornar em 2014. Mas Dilma botou as manguinhas de fora. Não é de holofote. Deu um recadinho pro mundo votando contra a ditadura do Irã na ONU, chorou com o terrorista de Realengo e foi a Pequim dizer na cara deles que eles estão exagerando, que abram os olhos porque o mundo é pequeno e dá voltas.
Parabéns para o colega sociólogo Michel Misse, expert em violência. Parabéns com atraso! Michel me enviou um bem humorado convite para a festa de seu aniversário no dia 9, mas não fui, não acusei recebimento, correria do dia a dia. Parabéns com pedidos de perdão.
Parabéns ao colega Ricardo Boechat, bombado no twitter por ter, como jornalista, pai de seis filhos, resstringido a veiculação do segundo vídeo do terrorista de Realengo. Tive a sensação de que Boechat leu o meu texto ou viu o meu vídeo, feito no fim dia daquele atentado contra as crianças, no qual eu lamentava a irresponsabilidade de nós, jornalistas, com tanta exibição e carnavalização do fato, que merecia recato, tratamento que costumamos dar a seqüestros e suicídios. A briga pelo ibope entre emissoras de TV está excitando mentes frágeis.
Mas hoje quero falar mesmo é sobre a China. A ditadura deste país não gosta de artistas porque estes sonham, artistas costumam defender a liberdade como o bem supremo, liberdade que não existe por lá. O artista Ai Weiwei, da alta sociedade deste grande país comunista, foi preso no início do mês. Os principais jornais do Brasil, como Globo e Estadão, noticiaram... Mas quem iria dar bola para algo que a polícia secreta da ditadura fez num momento em que Dilma 100 dias ia a Pequim e um terrorista fazia aquela lambança em Realengo?
O Sr. Ai defende direitos humanos, é cineasta, documentarista, é designer, ajudou a fazer o estádio olímpico Ninho do Pássaro. Enfim, é o cara na China. Mas está preso por sonegação de impostos, falsa alegação, claro, preso por ordem do Sr. Hu Jintao, cujo regime e asseclas no PC de Pequim são especializados em falsificar tudo, sonegar tudo: CDs, pilhas, software, relógios etc. São os maiores piratas navegando impunemente nos quatro cantos do mapa da Globalização. Exportam guarda-chuva a 3 dólares cada, preço de varejo, na Largo da Carioca, ou em qualquer praça de São Paulo, posto que tudo que chega barato da China chega por ser fabricado por mão de obra escrava e por sonegar direitos humanos, autorais, internacionais etc.
Os comunistas chineses tentam ser mais vorazes do que os piores capitalistas do Ocidente. Até quando?
Agora essa velharia cruel em Pequim está com medo dessas revoluções geradas pela internet. Estão prendendo os blogueiros que ousam desafiar a censura que Pequim impõe até ao motor de busca Google. E não me venham com esse papo de conspiração internacional ou ocidental. Mubarak no Egito era ditador pró-EUA. Kadafi é ditador há quatro décadas, patrocinador de atos terroristas terríveis na Europa. E é surubeiro, ensinou o Bunga Bunga ao amigo Berlusconi.
E é ditadura com medo na Síria, no Irã, no Iêmen, na China e sabe-se lá mais onde, mas, porra! Neste sábado eu devia estar mais preocupado com a minha geladeira.
Bom dia!
(Por Alfredo Herkenhoff, Rio de Janeiro, 16 de maio de 2011)
Tragédia em Realengo - Uma análise sobre tratamento jornalístico já no dia do massacre:
Novidades no caso nesta sexta, 15 de abril de 2011
Leia aqui: Parte 1 de 5
Por Alfredo Herkenhoff – Correio da Lapa – Rio de Janeiro
A maior novidade no escândalo sexual das noites de Bunga Bunga é que enquanto o presidente Silvio Berlusconi e o Parlamento tratam de mexer nas leis para alterar o curso das acusações contra o chefe de Estado, de modo a provocar o chamado “processo breve”, uma tentativa de acabar com toda essa especulação, evitando uma condenação do Cavaliere, algumas das meninas envolvidas começam a dar novas versões com detalhes sobre o festim, sobre o convite e as promessas, as recompensas pela participação.
Na quarta-feira, 13 de abril de 2011, o Parlamento aprovou uma lei ad personam, de modo a encerrar um processo que já dura 15 anos, o caso Mills, no qual Berlusconi é acusado de corrupção, pagar propina. A nova lei vai ao Senado e tchau tchau “processo lungo”.
Afora as fantasias despertadas por jornais de oposição e por internautas abordando as festinhas Bunga Bunga, o chefe de governo enfrenta uma única acusação formal mais grave do ponto de vista legal: pagar para fazer sexo com uma jovem menor de idade, a Ruby, de apenas 17 anos. Ela nega.
E está em curso outra reforma ad personam, a lei da mordaça, destinada a ajudar neste momento Berlusconi, uma lei para impedir o uso de grampo telefônico, a chamada intecettazione. Ou, noutras palavras, a base aliada de Berlusconi, 314 deputados, está punindo juízes, procuradores do Estado, desmoralizando o Judiciário, distraindo a opinião pública e afrontando a Constituição.
Hoje tudo é festa para Berlusconi, comemorando a vitória no Parlamento, sob aparência de plena legalidade constitucional. Mas amanhã pode rolar um neofascismo, com um único homem abertamente controlando toda a nação italiana pelo dinheiro e pela grande mídia, a sua rede de TV, um homem controlando tudo e todos, o sexista Presidente do Conselho dos Ministros.
Papo com Alfredo Herkenhoff sobre livro e Jornal do Brasil
O livro Jornal do Brasil – Memórias de um secretário – Pautas e Fontes, de Alfredo Herkenhoff, foi lançado para coincidir com a data da última edição impressa do diário centenário, que desde setembro existe apenas em versão digital na internet. O livro, de 430 páginas, impresso na Zit Editora em parceria com a Talento & Expressão, empresa de comunicação e marketing do jornalista Fábio Lau. No lançamento para colegas da profissão, como aconteceu na Lapa, Rio de Janeiro, o exemplar foi comprado a R$ 40. Nas livrarias, o preço oscila entre RS 60 e R$ 70. Que história é essa de livro instantâneo? O livro é uma imitação de um jornal, desde a sua capa, quem tem o famoso L dos classificados que durante décadas marcou a primeira página do JB, também chamado Jornal da Condessa. Mas em vez de notícias recentes, Pautas e Fontes relata tempos de uma história centenária. O livro foi editado como um jornal: correria contra o relógio, tensões, troca de fotografias na última hora, risco e busca de qualidade de modo a servir também de pretexto para uma confraternização. Com quem trabalhou? Embora livro instantâneo, dois terços contemplam produção minha, solitária, em duas fases: meados dos anos 90 e entre 2004 e 2006. E a partir do anúncio do JB de adeus às bancas, em julho, esses guardados ressurgiram como uma oportunidade - muito por instigação de Fábio Lau. Nessa reta final, trabalhei direto com este colega no fechamento e na conceituação da edição, cortando e depurando textos antigos. E nas últimas três ou quatro semanas, trabalhamos direto no contato direto e ainda no telefone e no email para reunir depoimentos e selecionar manifestações de colegas sobre o fim do JB impresso em diversos meios, blogs, jornais, revistas, redes sociais. Como você dividiu os capítulos? Não dividi, não há propriamente capítulos. Há reflexões e noticias, algumas recentíssimas, outras do século 19. São cerca de 180 tópicos, reproduções, depoimentos antigos diversos. Exemplos: uma entrevista com a primeira condessa, a Regina Araújo Pereira Carneiro, a emoções recentes, como as de Wilson Figueiredo, ex-braço direito de Dr. Nascimento Brito (dono do JB), manifestando esperança de que a instituição sobreviva nessa fase 100% digital. O livro contém de reproduções de análises, como a de Alberto Dines estimando que o JB morreu sem epitáfio, a linhas chorosas, declarações de amor e saudades de dezenas de colegas. Mas também conto casos de barrigas (erros) e furos de reportagem. Casos acontecidos no JB e noutros jornais. O livro não trata o JB com vanglória, nem conta a sua história cronologicamente. São flashes, momentos pessoais, sofrimentos e rejúbilos, momentos históricos, edições extras, crises, greves, decadência. Este conjunto é permeado ainda de várias passagens de puro didatismo, livro para estudantes, assessores de comunicação e leitores em geral. Como um mosaico de uma redação, o livro faz homenagens especiais a grande nomes super premiados que passaram pelo JB, como os saudosos Oldemário Touguinhó, José Gonçalves Fontes e Araújo Neto, além de homenagens especiais aos fotógrafos vivos Evandro Teixeira e Nilton Claudino. E na última hora, pintou uma homenagem comovente a Tim Lopes: um texto que seu filho Bruno escreveu, lembrando da infância com o pai, escreveu agora em 21 de agosto. Fechamos o livro dia 22 e entregamos na segunda-feira no dia 23 de agosto.à Zit Gráfica e Editora, que prestou serviço apenas de impressão. Por que decidiu fazer o livro? Há quanto tempo vem trabalhando nele? Como já respondi, comecei há décadas e vi a oportunidade de concluir em semanas como um pretexto para reunir jornalistas que hoje atuam nos grandes meios de comunicação do Brasil. Eu já tinha experiência de livro instantâneo: Livro do Jobi (badalado bar, no Rio), que propiciou uma grande celebração da urbanidade no Leblon e levou aquele antigo boteco a se tornar um bistrô de luxo com preços proibitivos a muitos coleguinhas. O aspecto instantâneo de um livro é fórmula pouco explorada no Brasil e embute riscos e benefícios: uma publicação a jato é garantia de pequenas falhas, como as de digitação, com revisão apenas parcial sem tempo para pegar tantos descuidos, algumas falhas terríveis como datas e nomes, outras são mero exagero, mas, em contrapartida, edição instantânea é garantia de intensidade, emoção com legitimidade, livro que nasce com um marketing da comemoração em torno de uma data especial, ou de um acontecimento, bom ou ruim, mas que desperta grande interesse, seja histórico, seja social. Entre as inúmeras histórias de bastidores do JB, quais você destacaria no livro? O instante em que Pelé, de terno a gravata, abraça o repórter Oldemário Touguinhó totalmente nu, num quarto de hotel em Caracas. Rolou testemunha. O dia em que um executivo do jornal telefonou de um iate em Angra dizendo que o corpo de Ulisses Guimarães tinha sido encontrado e que o JB devia noticiar no segundo clichê na edição de domingo. O secretário Roberto Pimentel Ferreira se negou a inserir versão sem comprovação e foi aplaudido no dia seguinte. Mas na agência JB, uma repórter inexperiente (foca) acatou o furo do patrão e perdeu o emprego horas depois. Produzi, a partir de titititi de meus chefes, um diálogo que imaginei possível entre o gestor do JB e sua mais famosa colunista. Ele se surpreendendo com o pedido de demissão quando se preparava para dizer a ela que o salário seria cortado à metade. Entre os depoimentos que você colheu, quais destacaria? Há depoimentos pequenos e impactantes como o do jornalista e escritor João Máximo (autor da biografia de Noel Rosa), lembrando de um almoço com o correspondente Araújo Neto, em Roma, e dizendo que não consegue falar da morte do JB com bom humor. Há um texto denso de Nilo Dante (recordista em chefiar grandes jornais no país), que estuda a circulação dos principais diários desde meados dos anos 90, com queda generalizada. Este texto propicia reflexões sobre o futuro da mídia e do jornalismo digital a caminho da predominância nas próximas décadas. Quantos anos você trabalhou no JB? Em que período? Vinte anos em dois períodos. De 1981 a 1987. Fui redator internacional, secretário noturno, ou gráfico, copydesk da 1ª pagina etc. E de 1991 a 2005, secretário, chefe de reportagem, redator momentâneo em editorias de política, economia e esportes, em situações como Copa, eleições e pacotes anti-hiperinflação. Fui colunista do Caderno B em 2003 e depois por dois anos operei fora da redação, no marketing, editando cadernos especiais dos últimos grandes seminários promovidos pelo JB. Como avalia o fim da venda do JB em bancas? Num certo sentido, algo previsível, tiragem em queda livre.... 15 mil ao dia nos últimos meses, encalhe e falta de investimento em bons profissionais da reportagem. Vejo o caso com tristeza. Nos últimos anos, a saída de grandes nomes do JB, como Joaquim Ferreira dos Santos, Verissimo, Xexeo, Zuenir, Ancelmo e outros foi se dando passo a passo com um clima de morte anunciada no redação então apelidada de Titanic. Lembro que Carlos Drummond de Andrade dizia que não há nada mais triste ou melancólico do que a morte de um grande jornal. Ele se referia ao Correio da Manhã, que fechou em 1974 e onde trabalhou por quase 20 anos. Em seguida, o poeta trabalharia uma boa temporada no JB. Mas, a sentimento serve para qualquer grande jornal. Qual a importância do JB para o jornalismo brasileiro? O JB viveu seus anos dourados a partir de meados da década de 50 até meados dos anos 80. Uma de suas grandes marcas aconteceu no período ditatorial quando, a partir do AI5, em 1968, soube marcar posição pela redemocratização. A Maurina Dunshee de Abranches, segunda mulher do conde Ernesto Pereira Carneiro, promoveu uma revolução plástica no matutino a partir de 1956, abrigando os principais escritores e artistas do país em suas páginas. Na sua opinião, o fim do JB nas bancas é um caso isolado ou uma tendência do jornalismo do futuro? De junho de 2009 para cá, três jornais diários deixaram de ir às bancas: Tribuna da Imprensa, Gazeta Mercantil e JB. Não será isso uma tendência? O que mais, Alfredo? Conto casos de passagem envolvendo donos de jornais e chefes de redação. Mas nenhum deles denigre a honra de ninguém. O livro não é um ajuste de contas, não é nenhum Tribunal de Nuremberg da mídia carioca . O livro acima de tudo humaniza o trabalho em jornal. E sua presença na PUC nesta segunda-feira, 13 de setembro de 2010? Se deve a convite de professores com quem trabalhei no JB. Tenho um amor pelo Jornal do Brasil semelhante ao amor que tenho pela PUC, onde me formei em 1976. A propósito, eu queria pedir desculpas por ter permitido que uma frase saísse publicada na orelha deste Memórias de um Secretário - Pautas e Fontes. Está dito: a leitura deste livro vale mais do que um semestre em faculdade de Comunicação. Mas não é verdade. O exagero foi apenas uma ferramenta agressiva de marketing para destacar aspectos didáticos do livro. Em respeito a milhares de estudantes e professores, mil perdões, são falhas assim que tornam um livro instantâneo um ‘mal necessário’. Mas espero sim que o livro ajude universitários a pensar no rumo profissional que estão prestes a dar em suas vidas. Por isso estamos iniciando na PUC um ciclo de debates acadêmicos sobre mídia impressa, passado e futuro, havendo já quase dez encontros pré-agendados em outras faculdades do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas e São Paulo. Talvez desses encontros surja alguma novidade editorial.
Jornalista, escritor e agitador cultural, autor do livro "Jornal do Brasil - Memórias de um Secretário - Pautas e Fontes", que aborda o fim do ciclo impresso do antigo colosso da imprensa. A propósito, o livro, com 430 páginas e fotos, pode ser adquirido por aqui: basta mandar email para alfredoherkenhoff@gmail.com
No início da noite de 13 de junho no Rio
Protesto pacífico, sim, como até agora é este que está rolando neste momento na Avenida Rio Branco. Agora se uma turminha punk-louca resolve quebrar nao pode, como também não pode essa posição generalizadora, horrorosa, do Arnaldo Harbor e... Geraldo Arkmin. É tanto descalabro que a sociedade está precisando sim um pouco de rua, chega de noticia só sobre tragédia em porta de hosSalvarpitais públicos e em escolas reduzidas a frangalhos... Professore mal pagos e políticos sorridentes. Os protestos de São Paulo, Rio, Ancara e de outros menos renomados não são o que parecem. Na Turquia era por umas árvores, um parque, contra um shopping, e hoje pedem a queda do primeiro-ministro com nome de remédio. No Rio de Janeiro, não é por 20 centavos de aumento no ônibus. Em São Paulo, não é exatamente pelas motivações cariocas... O que querem, apenas ter voz? Não sei bem, mas é uma forma de autodescoberta. No Brasil são protestos contra tanta mesmice, tanta politicagem e politiqueiros e empresários mancomunados nas licitações fraudulentas... O Judiciário Jurássico.... O protesto é um pouco contra o Alckmin, que chamou todo mundo de vândalos, O protesto é contra a Folha de Sampa, com editorial hoje que é cara do Geraldo. O protesto é para ser pacífico, mas as emoções degringolam, autoridades se valem de meia dúzia de mais exaltados para reprimir em nome de verdades constitucionais como o ir e vir. O protesto exerce o direito de ir, tem que ser organizado. Quantos direitos sonegados nesses que se arvoram a defensores da ordem? Quanta corrupção? Quanto vexame! O Engenhão exibindo a múmia não dos nossos engenhos, engenhosos engenheiros mancomunados que sequer sabem calcular uma bobagem, mas o vexame é o novo Estádio do Pan-Americano exibindo a Justiça mais que cega, mumificada, encastelada em datas vênias, ninguém vai preso, só jovens... O protesto é contra os absurdos constitucionais: saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Educação é um direito de todos e um dever do Estado. Quanta mentira... Rola aí nesse FB aqui o depoimento de um jovem que se descobriu manifestante na Paulista assim de repente, do nada, mero instinto: Ei-lo: ... depoimento de um jovem que estava lá: "Depois de um dia de trabalho normal lá vou indo para casa quando vejo um grupo de pessoas sentadas no chão escrevendo em alguns cartazes e uma multidão na paulista e curioso pergunto "o que está rolando agora na paulista?" "é o terceiro ato dos protestos contra o aumento da taxa de ônibus e metro", me responde um deles. Fiquei parado por alguns segundos, achei interessante, logo, acabei me enturmando com o grupo, que acabei acompanhando no protesto. E foi assim, por curiosidade, que acabei presenciando um dia que eu nunca vou esquecer na minha vida. Vocês já devem ter lido na mídia sobre esses protestos que estão rolando na paulista, e provavelmente o que você leu lá não é verdade. Pois é, quem diria, a mídia manipulando os fatos para vender jornais, QUEM PODERIA IMAGINAR?? (sic). O protesto começou lá paras 18h00 e a galera foi seguindo da paulista até a consolação, era uma multidão de cidadãos de bem, povo honesto lutando pelos seus direitos, pacíficos. A polícia estava lá, presente, e na maioria do tempo sem causar muitos problemas, fazendo apenas o seu trabalho e de forma alguma tentando impedir o protesto. A chuva começou, e ficou MUITO FORTE. Acho que eu nunca me molhei tanto assim na vida, nem quando eu tomava banho. Mas isso não impediu aquelas pessoas de continuaram a gritarem o que já estava entalado em suas gargantas "VEM VEM PRA RUA CONTRA O AUMENTO" "SE A TARIFA NÃO BAIXAR, SÃO PAULO VAI PARAR!!!" "O MOTORISTA, O COBRADOR, ME DIZ AÍ SE SEU SALÁRIO AUMENTOU". E assim continuávamos, passamos por um túnel, fomos até a liberdade e depois um pouco para lá da praça da sé. E aí apareceu uns babacas destruindo um ônibus. Um grupo de no máximo 3 pessoas, que com certeza absoluta não tinha o apoio de ninguém do protesto. Foram vaiados, todos ali descordavam de tais atos de vandalismo. Eu cheguei em um deles e perguntei o motivo daquilo tudo e se achando na razão responderam "a gente é que paga p*rra". Acredite, ele realmente achava que estava ajudando. Estava perdido. Estava puto. Queria mudanças. Mas infelizmente não sabia como expressar. É vandalismo. É errado. E ninguém ali concordava. Sério, ninguém. O grupo saio correndo, quando percebeu a merda que fez. Uma pena mesmo é que vai sair na mídia que o protesto inteiro é vândalo por causa de uma cagada que dois ou três fazem. É triste, mas fazendo isso se vende mais jornal. Bom, mas continuamos pacificamente o protesto, as atitudes de alguns imbecis não tiraram nossa vontade de expressa PACIFICAMENTE nossa (já estou me incluindo) revolta contra o aumento da tarifa. Paramos em algum lugar que não sei exatamente onde fica, depois da sé, e ficamos sentados no chão por alguns momentos, até que a polícia, por algum motivo que não sei identificar, começou a reagir. Não sei se aconteceu alguma briga ou coisa do tipo, não vou julgar antes de ter conhecimento real do que houve. Soltaram bombas de gás de pimenta, a galera saiu correndo. Foi frustante, é uma sensação horrível, pensei que iria desmaiar naquele momento, os olhos ardendo, a garganta também. Não recomendo a ninguém. E naquele momento a manifestação perdeu a força. Alguns continuaram, e muitos foram embora (assim como eu). Sai dali pensando no que escrever. Queria contar a verdade. Queria contar o que aconteceu. O que a mídia não fala. O protesto FOI PACÍFICO SIM. As pessoas que estavam ali eram cidadãos de bem. Pessoas que são prejudicadas de verdade com esse aumento e TEM SIM O DIREITO DE PROTESTAR. Fico feliz de ter ido. De ver que minha geração não é uma geração que aceita tudo calado. Que vai para as ruas. Luta pelos seus direitos. E assim, vamos construindo um novo Brasil. Um Brasil em que o jovem tem voz e a usa. Escrevi pra caralho, mas não poderia deixar de contar o que vi."
Missa de 7º Dia em memória de Sérgio Bandarra Silveira, conhecido como Gaúcho Fotógrafo, foi realizada dia 22 de março na Igreja de Sto Antônio dos Pobres, na Rua Dos Inválidos (Na foto, Aldyr Blanc abraça Gaúcho. Click by Alfredo Herkenhoff)
boêmios da Lapa. lapa do boqueirão. lapa do desterro. lapa do folião. lapa das bocas. lapa dos becos. lapa de vacas. lapa das magras. lapa de vidro. lapa de caco. lapa de baco. lapa do barraco. lapa que eu berro. lapa é boi voador. lapa do aterro. lapa do calor. lapa da carmelita. lapa de boquita. lapa do semente. lapa fenda de pedra. lapa de carne quente. lapa da pedra lascada. lapa de palinhas. lapa de lapadas. lapa exposta em postas. lapa exposta em postais. lapa exposta em lapas. lapa de toda gente. lapa de florisbela. lapa de chapéu, costume, lapela. lapa sebastiana. boêmios do capela. guarda napo da lapa. pelas lapas da vida. traga uma lapada em cada naco de lapa. cada lapa de coxa. na lapa em pêlo. eu lapo tulipa tu lapas noturno ele lapa memória nós lapamos um grito vós lapais um suspiro eles lapinham um cabrito. todos lapianos da gema. lapeiros inteligentes. pelas lapas da vida. pela via única da lapa antiga. no mapa da lapa. mario largo da lapa de malandros e otários e de ateus e crentes, de indiferentes à toa. lapa da coisa boa. bê é bom beber melhor caninha nos arcos da lapa. conheci mariazinha
Publicações de setembro de 2009 neste Correio da Lapa
Da esq p/ dir: Evandro Lima, grande harmonia no violão; Kelson Montagna, letrista e quatro vezes campão, em parceira com Beto Monteiro nos sambas do Bloco das Carmelitas; Claudinho Guimarães, banjo e voz, parceiro de Meriti e outros e emplacando sucessos com Zeca: A Gira Girou. Beto, de branco, deixou o chapéu sobre a mesa - Foto Correio da Lapa
Pão de Açúcar no além-teto do Iate Clube
Esta é uma das 2 mil imagens quase todas clicadas no segundo semestre de 2004, todas mostrando o Pão de Açúcar a partir do Bairro de Botafogo - Veja outras do rochedo espalhadas por este Correio da Lapa
Pão de Açúcar pós-jardim
Perca um tempinho evitando distrações e observe as cores e as flores - Foto de Alfredo Herkenhoff
COLEÇÃO PÃO DE AÇÚCAR
Cajueiro na Praia de Botafogo, foto tirada quase ao meio-dia - By Alfredo Herkenhoff
MAIS PÃO DE AÇÚCAR PRA SEMPRE
Pedras na Praia de Botafogo, uma obra - By Alfredo Herkenhoff
COLEÇÃO PÃO AÇUCAR ETERNO
Vista da janela da Livraria Siciliano no Botafogo Praia Shopping - By Alfredo Herkenhoff