Um
casal gay de Recife, dois homens aparentemente bem sucedidos no mundo
dos negócios, decide ter filho. Tiram no par ou impar para ver quem vai
doar o esperma. Arrumam uma amiga que lhes cede óvulo. Feita a
fecundação in vitro, arrumam outra mulher para lhes emprestar o ventre, a
barriga de aluguel. Nasce uma menininha linda.
Na certidão os nomes:
Rosinha Pereira Couves.
Pai: Joaquim Pereira.
Pai: Eusébio das Couves.
Mãe: Foda-se.
Não achei nada bacana o que fizeram. Tivessem os dois adotado uma
criancinha, dessas tantas mantidas nos abrigos públicos da desesperança e
da burocracia legal, sim, aí seria um casal gay bacana, um casal de
homens que desde o inicio diriam à criancinha abandonada pelos pais
naturais e naturalmente irresponsáveis: Você, Rosinha, foi adotada por
nós com muito amor. Isso, sim, seria um gesto de humanidade, a adoção.
Mas o que estes dois homens fizeram foi obter 15 minutos de fama com
riscos inimagináveis. Não queriam uma vida nova e inocente, queriam e
querem chamar a minha atenção. Não gostei mesmo nada deste
experimentalismo. Uma menina com dois pais e a mãe Foda-se. O que será
dessa criança quando descobrir que muitas não foram adotadas?
Por Alfredo Herkenhoff - Correio da Lapa - Rio de Janeiro, 6 de março de 2012