domingo, 29 de dezembro de 2013

sábado, 28 de dezembro de 2013

Rei Pelé, Pai Dondinho.e Dona Celeste

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Trânsito da Lagoa em Ipanema ao Humaitá num take único



Documentário do trânsito carioca com um rock anglo-saxônico, uma balada afro latina e um chorinho mágico! Três pérolas na manhã de 2 de dezembro de 2013, com tempo nublado e a árvore do Bradesco vista de relance mais parecendo uma cabana de índio no meio da Lagoa Rodrigo de Freitas.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Tri da Copa do Brasil em 27 do 11 de 2013

sábado, 23 de novembro de 2013

Zeca Pagodinho e Sérgio Sampaio: Policia, Bandido, Cachorro e Dentista.

Zeca Pagodinho vai participar de um disco tributo só com sambas do saudoso Sérgio Sampaio. Em principio, Pagodinho vai interpretar esta música:

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Meu Amor Ai que Calor

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Feliz 2014! Luzes!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Supremo Momento

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Supremo manda prender, e Joaquim e Gilmar não entenderam que estava mandando

Não fui provavelmente o primeiro a noticiar na internet a prisão dos mensaleiros, o fim de fato de Processo do Mensalão AP 470, mas eu poderia ter sido o primeiro a dizer o óbvio que nem Joaquim Barbosa estava compreendendo: ele estava ganhando a unanimidade desde o primeiro voto do juiz Luiz Roberto Barroso pela imediata expedição de ordem de cumprimento de pena, o fato consumado, o jargão deles de "transitado em julgado", do Roma Locuta Causa Finita, e ele, o JB, fez uma lambança emocional pouco depois das oito da noite, na mesma linha que ele faz, que ele vem fazendo, mas todos lá fazem, ele JB achava que estava perdendo quando ele era unanimidade, velharada é foda, JB estava fazendo história achando que a história estava sendo adiada, que o Supremo estava abdicando do direito de definir, de finalizar, de mandar prender, ele JB fazendo lambança na mesma linha do Gilmar Mendes por FH Nomeado esperneando contra detalhes técnicos sem compreender a unanimidade do sim, dos 11 dizendo: vamos sim prender os réus condenados. Esperei o fim da sessão, com certa dó dele, do JB, ele ganhando a unanimidade sem compreender que estava ganhando, ele achando que estava sendo vencido no essencial, que é ordem de prisão para todas as condenações não alcançadas pelos últimos recursos protelatórios. Esperei até 9h da noite, quando anunciei aqui nesta ferramenta antes da sessão do colegiado em Brasília acabar: URGENTE: O SUPREMO MANDOU TODO MUNDO COMEÇAR A CUMPRIR AS PENAS.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

URGENTE: O SUPREMO ORDENA PRISÃO DOS CONDENADOS DO MENSALÃO

QUINTA-FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2013: 9H DA NOITE: 
 
URGENTE: O SUPREMO ORDENA PRISÃO DOS CONDENADOS DO MENSALÃO
  • URGENTE: O SUPREMO ACABA DE DECIDIR, POR UNANIMIDADE, A EXPEDIÇÃO DE ORDEM DE PRISÃO DE TODOS OS CONDENADOS A PENAS DE RECLUSÃO DE LIBERDADE, COM EXCEÇÃO DO DEPUTADO JOÃO PAULO CUNHA.
     
    Sessão foi confusa, tudo se esclarecendo no fim: Barbosa foi voto vencido apenas no detalhe dos embargos infringentes cujos pedidos de admissibilidade ainda não foram apreciados pelo colegiado do Supremo. Apenas as condenações sobre as quais há infringentes protocolados uma sentença ainda não é caso considerado encerrado, ou seja, no jargão deles, ainda não é transitado em julgado.
     
    Barbosa no fim estava meio perdido, falando em chicana, agressivo, sem compreender que havia unanimidade principal no seu voto de mandar prender os reus condenados nos crimes sobre os quais não cabem mais recursos.´A maioria vai pra prisão nas próximas horas. Sexta-feira é feriado nacional e não se prende. OU vai preso amanhã ou só na segunda-feira...

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Tomás no Camarote

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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Heitor Pereira, poeta, artista, filho do Geraldo Pereira Nota 10

http://www.youtube.com/v/GWPufUvNuBY?version=3&autohide=1&autoplay=1&attribution_tag=iOnLBEYvK0kDceajt_s1-w&autohide=1&showinfo=1&feature=share

sábado, 2 de novembro de 2013

Expulso do Inferno

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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Missa de 7º dia do jornalista Maurício Azêdo, presidente da Associação B...

http://www.youtube.com/v/u-6EbJB3N1Q?autohide=1&version=3&feature=share&attribution_tag=OokNdJo3__ApXBL63lQnLw&autohide=1&showinfo=1&autoplay=1

Entre muitos outros, quase duas centenas, velinhos, muitos velhinhos, estavam lá o velho vascaíno carioca Sérgio Cabral, o velho ministro amazonense Bernardo Cabral irmão de um brasileiro assassinado, a velha filha única do velho patrono divorceiro Nelson Carneiro, a velha bela cachaceira que diz besteira ao se dizer patrona do Aterro do Meu Mengão e, sem eira nem beira, entre muitos outros, estavam lá que nem eu o flamenguista Ancelmo Gois e a querida que não sei pra quem torce , mas que desde a adolescência é a sempre elegante e a linda perua jornalista Yacy Nunes dos melhores perfumes, sim, estavam lá todos eles, todos nós estávamos lá, e nunca deixaremos de estar lá, ou aqui, este lugar onde mora o respeito, onde, a admiração, onde, o trabalho, onde a saudade...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A surfista modelo Bianca Alves e a música Coca-Cola chegou

http://www.youtube.com/v/DJoh-P1PGGs?version=3&autohide=1&showinfo=1&autohide=1&autoplay=1&feature=share&attribution_tag=L1y7LCZF2_lttYtugTyokw

sábado, 26 de outubro de 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

domingo, 13 de outubro de 2013

Dondinho, Celeste e Pelé


Rei Pelé, Pai Dondinho
Daqui a dois mil anos, tempos imemoriais
Esquecerão de todos nós, mas de Pelé, jamais
É uma história que nunca fica antiga:
O Rei e a bola, uma relação sempre amiga

Andy Warhol vaticinou que no futuro
A fama de Pelé só irá aumentar
Pepe Gordo declarou com perícia,
Que  "Pelé nasceu para ser notícia"
Edson Arantes do Nascimento
Predestinado a se tornar monumento

Pai Dondinho ensinou muito do que o filho fez
Cabecear de olho aberto e ver o gol mais certo
Pai Dondinho cinco vezes marcou
De cabeça numa só partida
Pelé repetiu a façanha da pessoa mais querida
O menino aos 10 anos viu chorar o pai
Na triste vitória do Uruguai
E pra consolar Dondinho o filho prometeu
Agüenta firme, meu velho: aquele caneco ainda vai ser seu
A carreira de Dondinho
O joelho interrompeu
E Pelé surgiu garoto,
atleta no apogeu
Exemplo de aplicação
talento e treinamento
Exemplo de campeão
por dedicação e juramento

Chutava com as duas pernas, infernizava a zaga
Corria como um cavalo, driblava, driblava
Ninguém sabe exatamente quantos gols Pelé fez
Se 1281, 1282 ou 1283

Mas o Rei Pelé não seria ninguém
se a mãe, Dona Celeste,
não fosse maravilhosa também
Ela sempre rezou para que, no gramado,
o filho jamais tivesse o joelho estropiado

É uma alegria saber que, no futebol,
Pelé era poesia
Na vida, entre o bem e o mal,
Edson, um cidadão normal
Com a bola em jogo, Pelé foi profecia
Jogou tudo o que pôde, tudo o que a gente queria!

(Texto e voz by Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O voto de Celso de mello

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Nova edição do livro do Jornal do Brasil



De Alfredo Herkenhoff

Recebi hoje mais mil exemplares do livro Jornal do Brasil – Pautas e Fontes - Memórias de um Secretário, um reprint da edição de 2 mil lançada no segundo semestre de 2010, exatamente no dia em que o JB foi às  bancas pela última vez.

 

 O exemplar na Livraria da Travessa custa 70 reais. Sim. Caro. Mas a casa me solicitou livros três vezes e três vezes esgotou. Vou avisar que chegou. Mas antes disso aviso a colegas de internet que na venda direta a compra sai bem em conta porque estou a fim de torrar. Um exemplar vendo a 35 reais, um ótimo presente este livro com 430 páginas de papel extra bright,  muitas histórias e belas fotos, homenagens especiais a profissionais como o fotógrafo Evandro Teixeira e os repórteres Oldemário Touguinhó,  José Gonçalves Fontes e Araújo Neto, entre outros cobras...


  A seguir, links remetendo ao JB e ao livro, que também  é uma ferramenta para quem quer conhecer um pouco dos bastidores da imprensa e o relacionamento entre mídia e sociedade.

 Mas antes segue um texto de  Nilo Dante sobre o livro, que é um instant book. E tendo sido este colega o primeiro leitor, ainda nos originais, suas observações acabaram entrando no próprio livro não como um prefácio, mas como mais uma das dezenas de contribuições. Na verdade o livro é um arremedo do próprio jornal, com as visões de todos nós formando uma edição para sorrir e chorar. E claro, o livro tem muito de manual para jovens interessados nos lances de comunicação de massa...


Impressões de Viagem

(Não morra antes)



Nilo Dante
*

Pautas & Fontes reflete a jornada de Alfredo Herkenhoff através do fascinante universo que foi, um dia, a redação do Jornal do Brasil.

O relato é caudaloso e emocionado. Não se isenta da nostalgia. Mas passa ao largo da amargura, embora o autor tenha sido testemunha e vítima do naufrágio a que foi conduzido o antigo colosso da imprensa brasileira.

Herkenhoff não se aprofunda nas águas da debacle empresarial. Nem se detém na insensatez das causas ou no estelionato dos efeitos, ambos por demais conhecidos. Seu facho de luz prefere a galáxia infinita de um grande jornal (ainda que em declínio) e seus habitantes siderais.

Manejando habilmente o estilo anotações-de-repórter, o autor produz uma viagem voluptuosa. Não se obriga à cronologia. Embriaga-se na emoção. Ao fim da travessia, ancora seu turbilhão pessoal em profunda (e merecida) reverência aos dois colegas de profissão que mais o impressionaram: José Gonçalves Fontes e Oldemário Touguinhó.

Esse par de ases da reportagem surgiu anos dourados da mídia brasileira, que começou no big bang dos anos 50 e acabou nos anos 1980, durante o vendaval falimentar que atingiu o Jornal do Brasil. Na década de 1990, no rastro da estabilidade econômica trazida pelo fim da inflação, ampliou-se o poder aquisitivo da classe média e os jornais brasileiros alcançaram as maiores circulações da história. Por uma dessas contradições difíceis de explicar, aquilo funcionou como uma senha perversa para o mergulho das grandes circulações no despenhadeiro da rejeição, por motivos que se verá em instantes.
                                                                   
Fontes e Touguinhó descendem, em linha direta, dos grandes repórteres que marcaram os anos 40, 50 e 60. Vejo-os como dignos sucessores de Joel Silveira, Samuel Wainer, Rubem Braga, Caio Júlio César Vieira, Carlos Lacerda, Edmar Morel, David Násser (a estrela máxima da constelação), Ubiratan de Lemos, Luciano Carneiro, José Leal, Geraldo Romualdo da Silva e outros expoentes do ofício em que a memória não me socorre.

Você – como o próprio Herkenhoff se refere ao leitor – haverá de identificar várias faces de um caleidoscópio cintilante, a partir do antes mencionado estilo anotações-de-repórter.

A face mais comovente se encontra menos nas páginas que na alma do livro. No escancarado amor de Herkenhoff pela profissão. Na alegria vital com que sempre a exerceu - desde repórter novato, na extinta Última Hora, até secretário de Redação e cronista brilhante no Jornal do Brasil. Em numerosas ocasiões, pude testemunhar sua combatividade na atualização do jornal do dia seguinte que ele finalizava admiravelmente na Secretaria da Noite.

Lembro bem do cenário porque tive o privilégio de conviver com Herkenhoff nas edições do JB que produzimos entre 2002 e 2003. Um curto tempo de promissão em que, com perdão da imodéstia, a circulação da “folha da Condessa” disparou 30% em um mês, dando-me — e ao Ricardo Boechat, que estava no comando da arrancada, ao Nelson Hoineff, ao Vicente Senna e ao Jacques Nogueira, artífices também daquela decolagem — a ilusão de que o jornal iria se livrar da tenda de oxigênio e arremeter, enfim, rumo ao horizonte azul

Para ler na íntegra o Impressões de viagem, clique neste link:

http://vrawerianow-2.blogspot.com.br/2010/12/impress%C3%B5es-de-viagem-por-nilo-dante.html


  Video em cima de uma  fala do Boechat sobre o JB produzido por Ed Sartori

http://www.youtube.com/watch?v=YCvDJS70sXU


Vídeo da festa de lançamento do livro do JB na Lapa produzido por João Saboia

http://www.youtube.com/watch?v=4_fnBXuv0_c



Versos Íntimos - Augusto dos Anjos

domingo, 15 de setembro de 2013

Eu não queria estar na pele de Celso de Mello

Eu não queria estar na pele de Celso de Mello

sábado, 14 de setembro de 2013

Conceição cantando pouco antes de morrer

Album de Família

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Vejo amanhecer de Noel Rosa gravado como rock na sexta-feira 13 do Rock ...




Vejo amanhecer
Vejo anoitecer
E não me sais
Do pensamento, ó mulher!
Vou para o trabalho
Passo em tua porta
Me metes o malho
Mas que bem me importa
Amanhece e anoitece
Sem parar o meu tormento
Por saber que quem me esquece
Não me sai do pensamento
Já não durmo, já não sonho
De pensar fugiu-me a paz
No passado tão risonho
Que não volta nunca mais
De esperar a minha amada
A minh'alma não se cansa
Pois até quem não tem nada
Tem ainda a esperança
Esperança nos ilude
Ajudando a suportar
Do destino o golpe rude
Que eu não canso de esperar

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O caso do senador boliviano: Eduardo Saboia, eis o homem


Eduardo Saboia, eis o homem




O  caso Roger Pinto

Vinte horas atrás,  saudei a participação do senador  Ricardo Ferraço na operação secreta para tirar um asilado político do Brasil da nossa Embaixada em La Paz. Agora, ante os fatos divulgados pela grande mídia, surge a necessidade de saudar em escala exponencialmente maior a figura do  diplomata Eduardo Sabóia, que estava na função de encarregado de negócios na missão brasileira na capital da  Bolívia e que foi , segundo ele próprio, o mentor maior da operação humanitária.

Parabéns Eduardo Sabóia! Parabéns Ricardo Ferraço! Parabéns a todos que tiveram participação  nesse episódio político,

Teço essas considerações e de imediato me remeto ao saudoso primo Augusto Estellita Lins, o mais jovem  a entrar no Itamaraty e em cuja casa vivi por mais de ano, em Roma., quando ele servia na Embaixada do Brasil junto à Santa Sé. Augusto Estellita Lins, mesmo nome do irmão da minha avó materna vovó Aurora, o tio Augusto Emilio Estellita Lins, ou simplesmente tio Lins, e  mesmo nome do meu irmão pintor, o Augusto Emílio hoje um Herkenhoff morando em Petrópolis,  enfim., teço, essas considerações porque vejo dignidade e tradição nesse tipo de ação.

Nas relações internacionais tudo é linguagem estudada para evitar desentendimentos que podem conduzir a mal-entendidos e,  numa cachoeira de vacilos, conduzir a crises de linguagem, conflitos e mesmo guerras. Há de se ter modos no relacionamento entre representantes políticos de nações, sejam vizinhas, sejam distantes geograficamente ente si.

Embaixador é o representante de um chefe, seja premier, presidente ou rei. Fala e decide em nome do chefe. Isso era mais forte quando se andava de navio e não existia telefone. Hoje é ainda representante, mas com a informação em tempo real na Era Digital o cargo de embaixador perdeu valor, virou quase um agente cultural ou um apaniguado curtindo um cabide de emprego de luxo.  Isso na média universal. Na crise, o embaixador  ainda tem seu valor de representante do nosso chefe político e, por extensão, representante de todos nós enquanto um povo.

Em alguns momentos de crise, dois países ficam sem embaixador, e seus interesses são negociados por uma outra embaixada, uma missão diplomática que se relaciona bem com os dois países que não se relacionam bem. Em alguns momentos de crise, dois países, mesmo sem embaixador, negociam numa tradição de crise: em vez de embaixadores, esses dois países têm encarregados de negócios.

O encarregado de negócios é um tipo  de embaixador em situação especial, de crise. E a crise pode estar no pais  de origem deste diplomata ou no país para o qual ele é designado a servir. Mas não importa a situação: o encarregado é um nome aparentemente menor porque o poder que o nomeia está fraco em seu próprio país ou porque o seu próprio país está irritado com o país para onde ele é enviado.

 Os EUA podem ficar sem relações diplomáticas com uma nação, por exemplo, o Irã, Washington pode ter uma missão diplomática amiga ou neutra para cuidar de negócios por exemplo no Irã, uma Suíça da vida, ou pode, numa aproximação, ter uma missão diplomática em tempos de crise com um encarregado de negócios em  vez de ter um embaixador.

 A questão da linguagem diplomática é importante. Este cargo, esta função que é a de um embaixador, exibe uma situação: ou o país  onde o encarregado vai servir está com sérios problemas com relação ao país que envia tal funcionário, ou o país que o envia também não está bem politicamente para enviar um embaixador. A figura do encarregado de negócios é uma figura crítica, é emergencial, independe de formalidades e protocolos, independe de confirmações das forças políticas que sustentam o  Poder Executivo. O encarregado é o nome que o chefe de uma sociedade envia à outra na marra, sem rituais de aprovação nem   na origem nem na capital onde o funcionário nos representará.

A Bolívia não tem um embaixador do Brasil em La Paz porque está em crise. A Bolívia é criticamente pobre desde a origem. Mas não tem embaixador porque  nesta quadra da história La Paz está fazendo uma lambança especial. Brasília não nomeia um embaixador para dizer, de forma insinuosa a la Paz, que não está gostando do que ocorre na Bolívia com relação aos interesses brasileiros.

A experiência da Bolívia nas relações exteriores é de derrota. Perdeu um mar para dois países, Chile e Peru. A experiência do Brasil é vitoriosa e respeitosa, nossas amplas fronteiras não foram desenhadas por conquistas militares, imperiais ou  políticas, mas por sedução, por convívio. Tordesilhas era uma fragilidade imaginária. Amapá e Acre são  realidades econômicas e culturais brasileiras.

O Brasil  nunca quis um palmo de terra alheia. O Brasil cresceu porque estendeu a mão, a palma da esperança. Seja um de nós, e vamos falando português. Portugal, a nossa origem, é pequenininho. O Brasil é pequenininho, surgiu no mapeamento colonial antes de Cabral na cidade espanhola de Tordesilhas,  foi   batizado com nome de ilha,. mas cresce, cresce na dor, na violência interna, cresce na vontade imensa, cresce na esperança, infinita. Cresce porque estende a palma da esperança.

A Bolívia não  cresce porque nasceu da morte incaica. Os antigos andinos caminhavam sem conhecer sequer a roda, que dirá a pólvora dos espanhois. E a Bolívia nação, mescla de incas e europeus, nasceu de um sobrepujamento, nasceu neste ressentimento das violências infligidas à  região. Quanto mais a Bolívia sonha em ser forte, mais fraca fica.


Dois episódios à guisa de ilustração: um das últimas horas outro de  meses atrás: um adolescente que gostava de futebol e um senador que se destacava na oposição ao governo bolivariano de Evo Morales...

 O adolescente foi assassinado com um tiro de foguete sinalizador que entrou por um olho e atingiu  o cérebro. O torcedor corintiano que matou não foi identificado.  Um menor de idade no Brasil assumiu a autoria de disparo, mas a Bolívia manteve 12 torcedores brasileiros encarcerados por meses a fio. Que Justiça foi aquela? Que Justiça a nossa, lenta e cruel, cheia de filigranas e procrastinações?

O senador refugiado na embaixada do Brasil enfrentava 20 acusações, todas tão perfeitas quanto as que mantiveram os 12 torcedores presos. O regime bolivariano rasga contratos, e nem precisamos conhecer as acusações contra o senador Pinto Molina para ver o quão frágeis devem ser.

Há uns cinco anos, sei lá, o regime pró  Hugo Chavez de Evo Morales quase gerou uma guerra civil, contrapondo bolivianos da agropecuária que moram nas partes baixas, amazônicas e quase mato-grossenses aos andinos pobres e maltrapilhos. Sem me estender, Hugo Chavez de uma feita comprou em Moscou 100 mil fuzis Kalachnikov. Para que? Enfrentar americanos? Enfrentar colombianos? Enfrentar brasileiros? Não. Comprou para mostrar aos próprios venezuelanos que a revolução bolivariana é para os próprios venezuelanos se lascarem mesmo. Há uns cinco anos, quando a oposição ensaiou sair às ruas, também surgiu um clima de guerra civil em Caracas...

No Brasil com a Justiça lenta que só reza pela constitucionalidade nas questões pontuais envolvendo maiorais, neste Brasil sem hospitais decentes e sem escolas decentes para as crianças, num pais com jovens nas ruas dando sinais claros de impaciência diante do vandalismo cotidiano da classe política, “importar” cinematograficamente um senador estrangeiro, tirá-lo de uma montanha sem leis, trazer um político empresário da parte baixa da Bolívia, um homem acusado de fazer exatamente o que ele acusa o governo de fazer, de estar associado ao narcotráfico, soa quase uma temeridade. Já ouvimos vozes assim: temos tanto político safado e ainda vamos alimentar mais um corrupto?

 Mas, não, a operação que tirou um preso político adoentado do cárcere em que foi transformada a nossa embaixada é um ato humanitário, vi isso na primeira noticia no Google news. Saudei o senador Ricardo Ferraço pelo seu envolvimento, sem ainda saber nada  que o mentor da fuga fora o próprio o encarregado de negócios, o ministro Eduardo Sabóia operando, aparentemente, à revelia do “chanceler” sem pasta, o plenipotenciário bolivariano Marco Aurélio Garcia, aquele que desserviu a Lula e não sei o que faz com Dilma, que vai dando pequenas guinadas nas relações internacionais antes tendendo a simpatias com loucos mundo fora como aquele ex-presidente iraniano enlouquecido de xiitismo.

Eduardo Sabóia honrou o próprio nome e honrou a tradição do Brasil em receber gente de todas as partes do mundo, gente de todas as dores do mundo. E os que o ajudaram, autoridades e servidores humildes, igualmente honraram a que nos resta de brasilidade. Pensar no próximo, um estrangeiro, num momento em que o Brasil está tateando passos convulsivos para apressar a sua própria justiça, eivada de leniência e marasmo.

 Amanhã, pasmo, posso descortinar o governo Evo Morales abrigando alguns réus condenados do mensalão, se estes entenderem que uma temporada na Bolívia será menos pior do que uma temporada  num presídio brasileiro reformado às pressas  para recebê-los.

Alguns dos condenados do mensalão foram perseguidos políticos, alguns foram acusados e corretamente condenados por causa da política, fizeram política, mas caíram nas pequenas tentações, roubaram merrecas. Alguns ali ajudaram de forma fundamental a diminuir a fome no Brasil e com isso salvaram milhões de crianças carentes.

 Mas isso é outra história. A fome diminuiu muito no governo FH. Diminuiu muito mais no governo Lula. E a Fome voltou a ameaçar no governo Dilma por causa da inflação que o IBGE não capta com eficiência. Cai o preço do tomate que virara diamante e voltou a ser tomate nas sazonalidades. Mas o inhame no Rio de janeiro há seis meses.está a mais de 4 reais o quilo  Desde o início do ano um quilo de farinha de mandioca no Rio de Janeiro custa três vezes mais que um quilo do trigo imp ortado da Argentina ou dos Estado Unidos.

O Plano Real/FH/Lula deu macarrão  e celular. Mas os brasileiros agora querem  a macarronada e o fim da conversa fiada. A rua chegou, e Roger Pinto Molina, Eduardo Sabóia. Ricardo Ferraço, Cristóvam Buarque, enfim, quaisquer autoridades serão bem-vindas se quiserem chegar a elas como cidadãos comuns, exigindo mudanças, mudanças drásticas.Pinto Molina, como refugiado, não pode fazer política, mas pode ajudar a sonhar.

Eduardo Saboia  escreveu drasticamente um capítulo na história do Brasil diante da covardia do regime bolivariano e da lentidão do governo em Brasília. Agiu de acordo com a própria consciência.

 Parabéns Eduardo Sabóia. Você acaba de ganhar o meu voto. Vem pra rua!


Alfredo Herkenhoff, Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2013

domingo, 30 de junho de 2013

MANIFESTAÇÕES NAS RUAS E UM CONSELHO DE CANOSSA








CONSELHO DE CANOSSA

(Brasil, domingo, 30 de junho de 2012: Você vai ler a seguir um longo esboço de sugestões para a democracia, que está capenga neste momento, encaminhar de forma pragmática as vozes das ruas. Se você achar que essa proposta abaixo é absurda, inviável, tente então explicar por que e também pense outras possibilidades práticas e democráticas)




AS RUAS E UM CONSELHO DE CANOSSA

Cinco integrantes para um Retiro Político e Espiritual:
Joaquim Barbosa
Cármen Lúcia
Renan Calheiros
Henrique Alves
Dilma Rousseff

Dilma quer participar da voz das ruas? Ou quer domá-la?

(Se você, internauta, considerar as sugestões abaixo uma contribuição positiva, ajude a levá-las diretamente à chefe do governo e aos demais quatro integrantes de um conselho sugerido para ser criado emergencialmente com o objetivo de encaminhar a nossa voz nas ruas sem nada de influência de partidos políticos)

Estima-se, com toda a fragilidade de uma reflexão/especulação pessoal, que a voz difusa das ruas até aceitaria a participação da presidente Dilma Rousseff numa negociação por uma democracia que contemple mais justiça, mais eficiência e mais oportunidades.

Dilma está como a chefe do Planalto hoje negociando com a tal governabilidade que está no foco do furacão. Nossa democracia depende de um troca-troca com o Poder Legislativo que garanta o dia a dia do Poder Executivo. É mais ou menos assim nas democracias do mundo inteiro.

Mas a multidão, multidões, jovens inexperientes na maioria, não quer nem ouvir falar desses terríveis deputados da governabilidade, agora bonzinhos votando tudo a favor.

Dilma não dá sinais de que possa captar esses sinais, essas vozes. Ela parece não acreditar que ficaria mais forte, agora que está tão fraca, se baixasse a taxa de governabilidade, com um apoio das vozes difusas das multidões. Seria dar um sinal às multidões. Cortar o gabinete de 40 pela metade.

E dentro da fragilidade inicial de uma reflexão que começa aqui tão individualmente, dá para descortinar cenários para uma agenda que contribua ao diálogo que vai desembocar provavelmente num plebiscito.

São aqui especulações de uma pré-agenda para definição de pontos polêmicos de uma agenda verdadeira, agenda concreta a merecer em breve decisões das multidões que somos nós, os eleitores. O que não dá para pensar como factível é um plebiscito engendrado sob influência acachapante de partidos políticos rechaçados nas ruas e sob influência da grande mídia, idem.

Como separar o joio do trigo nesse ambiente de rua sem lideranças visíveis?

A ideia aqui é um plano, a criação desse conselho para discutir possibilidades emergenciais nesse momento histórico fazendo não uma tábula rasa do passado antigo e do passado recente, mas deixando respeitosa e momentaneamente de lado a imensa e burocrática estrutura do Estado.

Parece complicado e é. Mas não é hora de punição atabalhoada de corruptos no poder, que isso é coisa de revolução. Você quer revolução? Aí rola muito sangue, literalmente. Então é não, hoje é o Brasil cantando o Hino Nacional e exigindo melhorar a democracia, que era bacaninha, deu comida e algum consumo, mas estragou muita coisa no dia a dia, exibiu e exibe muito ladrão.

Você quer mais bem-estar e dignidade naqueles pontos já consagrados: quer na educação, saúde, no trânsito e na segurança, ou escolas boas para as crianças, hospitais idem, tráfego seguro nas estradas e transporte inteligente nas metrópoles e, claro, uma nova polícia, um que não se confunda com assaltantes armados nas ruas.

Tudo isso depende da política, que é a arte de produzir e dividir a riqueza, e o que é gerado em comum deve ser gerido em comum. Claro, os mais competentes ganhando pelos próprios méritos a nossa admiração e fazendo jus ao máximo conforto que é um estímulo para quem valoriza a eficiência.

Somos 100 mil enterros anuais, metade com a violência, metade com o trânsito, esses dois itens que são consequência da carência do nosso sistema educacional para as crianças da imensa maioria das famílias brasileiras.

Então esqueça por enquanto quem, hoje, ocupa cargo no poder público como um corrupto, ou quem, atuando no mercado na condição de milionário ladrão, não vai preso. Esqueça isso momentaneamente. Corruptos e assaltantes irão para a cadeia amanhã. Este amanhã é mais à frente. Querer punir na marra e depressa é revolução. Aí é muito sangue, é outra história.

O Brasil está num processo de quase convulsão, que é quase revolucionário.

O cenário de julho neste último dia de junho é este nesta sugestão:

Eu, manifestante, esqueço quem é PT, quem é tucano, esqueço quem se diz de esquerda, quem crê ainda em esquerda e direita, quem não crê e tal.

A hora agora é da nossa democracia travar um diálogo com todos os segmentos. Esquecer por exemplo que Renan Calheiros, que teve ou tem votos nas Alagoas, é foco do meu protesto. Mas agora ele não será mais só um reles senador de sexo, bois, notas fiscais, renúncia e retorno. Não, você pode esquecer essa biografia por enquanto. Renan até está votando bacaninha nas últimas horas do Senado. Mas, por sua condição de presidente desta casa, ele é aqui neste cenário dessa sugestão um integrante não das vozes das multidões nas ruas, mas será de uma das vozes diversas desse imenso Brasil, uma das cinco a participar de um núcleo no Caminho de Canossa.

Os cinco vão se ajoelhar simbolicamente diante de um novo rei, o povo brasileiro e sua vontade de democracia forte, que é democracia com educação e justiça de fato, não só de direito, só no papel.

Esquecidos, com dificuldades, esses problemas recentes que estão na raiz das manifestações de rua, esquecidos, não, mantidos à parte momentaneamente, vamos à agenda pragmática para o Conselho, que na verdade, por sua vez, vai produzir uma pré-agenda para mudar o Brasil.

Renan, na condição de presidente do Senado, é voz deste Poder, mas também será voz dele, voz pessoal de um alagoano. Renan deve integrar o Conselho de Canossa com um igual aos outros quatro integrantes. Ele não falará em nome do seu partido.

O mesmo vale para Henrique Alves, voz de presidente da Câmara, voz dele mesmo, pessoal. No conselho, ele não falará em nome do seu partido.Será voz pessoal de um representante do Poder Legislativo.

Joaquim Barbosa é voz dele mesmo e voz do Poder Judiciário. Não falará em nome dos outros dez integrantes do Supremo.

O mesmo para Cármen Lúcia, será voz dela mesma e voz também como Barbosa, do Judiciário, mas não falará em nome dos demais juízes do TSE por ela presidido.

Há que se descorporativar essas vozes no conselho. Eles saberão disso quando se retirarem para pensar e produzir respostas que provavelmente vão ao encontro das ruas.

Dilma será voz dela mesma e voz da Presidência, isto é, voz dos 200 milhões de brasileiros, mas não será voz nem do conjunto de integrantes da base aliada no Congresso, não será voz dos seus 40 ministros, nem voz será ela do Partido dos Trabalhadores.

Isso está parecendo um grupo hardcore do Poder para substituir a voz das ruas? Não. Isso é o menor denominador comum do Poder Público. As questões estaduais e municipais ainda não entram em campo neste momento. Vamos esquecer essas questões apenas momentaneamente.

O que deveriam fazer esses cinco nomes essenciais da nossa representação da democracia? Eles são o Poder Público em sua máxima grandeza!

Mas vão se reunir com a máxima humildade.

Eles vão fazer um caminho de Canossa, se reunir não num imponente palácio ou dentro de um quartel, mas num bom e simples hotel numa cidade pequena, que tal Ouro Preto? A pequena cidade simboliza o ouro colonial que seduziu Portugal, enfim, o dinheiro da História, dinheiro que sempre seduz tanta gente, dinheiro que ergue e destrói coisas belas, e a cidade simboliza a República, a esperança nasceu ali, esperança na revolta contra o mal-estar decorrente dos impostos pesados que incidiam sobre a atividade aurífera.

Esses cinco vão conversar como seres humanos. E descendo do Poder Máximo que lhes foi concedido por nós, eleitores no espaço da Constituição Cidadã, eles humildemente saberão vislumbrar respostas para as nossas vozes nas ruas.

Joaquim Barbosa, negro, você quer mais representatividade da nossa realidade social do que ser isso? Ser negro num país que foi o último ou penúltimo a acabar com a escravidão de africanos e filhos de africanos? Um país que ainda hoje mantém negros na base da pirâmide social, no sopé da pobreza.


Você tem Cármen Lúcia, que nasceu nas Gerais, ela é mineira da banda do Norte, quase Bahia, é das veredas, aqueles descampados numa das regiões mais pobres do Brasil. Era criança de família humilde numa cidadezinha chamada Espinosa, 30 mil humildes brasileiros. A reunião de Canossa poderia ser realizada também ali. Cármen Lúcia é hiper constitucionalista. Ela é um talismã dessa República de uma bela Constituição Cidadã, de um Brasil que quer ver a Carta respeitada, que quer mudar os hábitos da República que nos envergonham.

Renan Calheiros representa bem um Brasil de gente que sabe que a vida é luta renhida, tem que ser esperto, matar um leão todo dia. Não, ele não é exemplo de bondade. Mas é um retrato de boa parte do Brasil. Ele é o chefe do Senado Federal e é um ser humano esculachado pela grande mídia diariamente, esculachado por nós, por mim, por todos na internet, mas é um legítimo representante que está lá no Poder sempre mediante votos, primeiro os de Alagoas e depois da maioria dos demais 80 senadores.

O mesmo para Henrique Alves, também um legítimo representante do Poder Legislativo.

E temos a Dilma, a búlgara mais brasileira do planeta, a terrorista mais amada, não importam os elogios, os deboches, os que a amam e os que a odeiam. Ela está ali, eu a botei ali. Eu a quero ali. Revolução quem fez foi ela na própria juventude, indo à luta, sofrendo e lutando, sem parar. Não importa se é tecnocrata, se é arrogante, se é isso ou aquilo. Se foi do PDT e ainda está no PT.

Partido é tudo o que não se quer nesse momento de transição de uma democracia para uma democracia melhor.

Seria muita pretensão continuar aqui sugerindo o que devem fazer esses cinco nomes tão importantes numa discussão que se pretende ver produzir uma resposta histórica para as reivindicações que já confluem como itens convergentes, ou itens básicos nos pleitos das manifestações de rua.

Estima-se que os cinco mais poderosos da República saberão ser brava gente, vão conversar em dois planos amplos: o político de médio prazo e o imediato, que é emergencial, uma nova governabilidade para Dilma poder caminhar de volta com o povo nas ruas e impedir qualquer tentativa louca de ruptura institucional.

Como fazer uma reforma política para o país atacar frontalmente questões difíceis, problemas que veem de décadas, séculos, injustiças encravadas em tantos maus hábitos, nossas piores tradições?

As pautas convergentes que terão a reforma política como pano de fundo são aquelas já mencionadas mas que não custa repetir, isso aqui, mais que um manifesto, é também uma oração, quase uma ladainha:

Melhorar a segurança nas ruas, menos violência.

Investir em escolas de qualidade para a massa de crianças e adolescentes do Ensino Fundamental.

Investir em hospitais, capacitá-los a produzir cura e saúde.

Buscar uma nova engenharia no transporte dentro das cidades. Por que privilegiar um carro de 700 quilos que leva um único passageiro e engarrafa?

Nesse Retiro Político Espiritual, os cinco nomes de Canossa poderiam se reunir durante uns cinco dias, levariam três ou quatro assessores cada um para que conversassem numa sala ao lado e dando apoio eventual quando chamados.

Jornalistas mantidos à distância.

E o povo nas ruas cantando o Hino Nacional, ou indo atrás de um pastor, ou saudando a chegada iminente do papa.

Poderiam se reunir já nesta semana que está só começando.

Se você acha que essa proposta é absurda, que isso tudo aqui é mirabolante e infactível, produza então uma sugestão menos absurda, menos mirabolante, mais factível, mais pragmática.

Por enquanto Dilma Rousseff está tentando encaminhar perspectivas em tratativas com a governabilidade e com consultas a Joaquim e Cármen Lúcia. Mas há sinais de que isso não vai acalmar as ruas.

Se você, colega internauta, endossar essa sugestão, parte dela, ou se tiver outras sugestões de caráter pragmático, na linha de um Caminho de Canossa, participe, todo mundo é bem-vindo a essa discussão.

segunda-feira, 24 de junho de 2013


A CONSTITUINTE VEM AÍ



Uma eleição para uma Câmara Constituinte vem aí e vem com pressa.

Estamos numa miríade de reivindicações. Mas quem tudo acusa, não acusa nada. Quem tudo quer, pouco consegue.

Então insisto no que vi hoje e ontem e anteontem: as prioridades:

- Prosseguir no movimento de rua vitorioso nos seus primeiros dias

- Garantir que o vandalismo não nos conduz e que, dos três vandalismos, o mais danoso é o do Estado, domá-lo é o desafio mais difícil.

Os outros dois vândalos são perigosíssimos também: o primeiro a coibir, a prender e mesmo a matar são os vândalos encapuzados que saqueiam lojas de sapato, bancas de revista e restaurante, enfim, os ladrões oportunistas num momento de comoção histórica nacional, uma hora grave.


Os segundos vândalos não devem dançar com balas de verdade, os segundos vândalos são apenas os revoltosos radicais, produziram atos violentos, mas atos sempre políticos, não produziram sangue. Atacaram prédios e símbolos do Poder Público. Nos deram a maravilhosa foto da marquise do Congresso,. deram maravilhosos sustos na Alerj, no Bandeirantes, na sede de uma prefeitura aqui e acolá. Já deram o recado.

Agora é - e se lasque o movimento digital e internacional chamado Anonymous, agora é cada manifestante mostrar a cara, Brasil, mostra a tua cara. O Brasil não é nenhuma Primavera Árabe contra ditaduras islâmicas sanguinárias. O revoltoso político radical nesse momento brasileiro, nessa fase, não pode mais esconder a sua cara com máscara nem camisa.

E com isso, o movimento pacífico de massa ganha território pra avançar na sua esperança de ver reduzidas drasticamente essas injustiças e, paralelamente, ver melhorada essa sociedade de tantas emoções maravilhosas que nos unem numa identidade, a brasilidade democrática. Com isso, caem por terra os argumentos dos que estão em pânico, políticos e governadores e grande mídia dizendo que vão pegar pesado, que a polícia vai bater dentro da lei porque vândalo não pode, embora sejam eles os piores vândalos.


O governo de Minas Gerais, por exemplo, deu sinais neste domingo que acabou que vai agir como o aliado Alckmin agiu e se lascou, que vai pegar pesado. Isso na manifestação da próxima quarta-feira, quando temos compromisso em BH com o Uruguai numa das semifinais na Copa da Confederações. Temos que respeitar os compromissos internacionais firmados. A Fifa é mafiosa, mas não importa, a entidade é composta de 200 e tantos países, povos afiliados. A manifestação de BH na quarta não deve tentar tumultuar a semifinal. Isso é um erro grave. Deve caminhar para longe da Pampulha, grandiosamente caminhar para longe do Mineirão.

A polícia de Cabral, de Anastasia, de Dilma, não importa de quem, policia militar fortemente armada tem de se afastar da multidão democrática e já com jovens sem capuzes nem camisas do anonimato. Brasil, eu mostro a minha cara.

Policiais, nesse momento não precisamos mais de vocês. A propósito, vocês, policiais, precisam mais de nós nas ruas. Seus filhos e amigos e parentes estão aderindo ao movimento Brasil nas Ruas.

E depois?


As pautas, a agenda. não cabe politizar o movimento que não tem palanque, não tem discurso, não tem pulseirinha vip nos falsos 100 mil da Passeata dos Royalties. Não tem partido pólítco, tem só Hino Nacional e indignação democrática com cartazes das nossas mil e uma reivindicações.

Sugestões pipocam. Devem desembocar numa Constituinte especifica, uma assembleia exclusiva para equacionar uma crise social. O Brasil nas Ruas não precisa derrubar nenhum parlamento, nenhum governador. vai apenas reformar. Para que tal ocorra, vai ser eleita uma Constituinte no fim do ano e seus integrantes terão seus mandatos encerrados no dia das eleições de outubro do ano que vem.

Pra esse Congresso Constituinte formular alterações simultaneamente com os deputados federais e parte do Senado em fim do mandato no ano que vem, será preciso um enorme esforço: vocês, Congresso velho, vão tocar pautas meramente do cotidiano numa relação Poder Executivo/Poder Legislativo. Não poderão dar voto ou pitaco na Constituinte. Claro, imagina-se que será possível que alguns parlamentares desse Congresso desmoralizado nas ruas e em fim de mandato sejam eleitos para integrar a Constituinte Exclusiva, Esses que conseguirem isso que tenham duplos mandatos, ambos encerrando em outubro de 2014.

E antes que Dilma costure uma aliança para propiciar esse mecanismo, urge, nos próximos dias, avançar rumo a uma costura para escolher um Conselho de Brasileiros Notáveis no Sentido Ético (Formulei horas atrás aqui nessa ferramenta digital sugestões para essa ideia de um Conselho Popular do Brasil nas Ruas).

Este conselho vai eleger um grupo pequeno pra encaminhar sugestões de plebiscitos para a Constituinte formalizar. E os integrantes da Constituinte poderiam ser eleitos num pleito simultâneo com uma grande quantidade de plebiscitos.

Talvez esse pleito, esta consulta, essa eleição de constituintes seja a ultima vez de voto obrigatório, porque certamente um dos plebiscitos perguntará; és a favor do voto obrigatório? Se a maioria disser não, os parlamentares da Constituinte formada para durar poucos meses e promover a reforma política vão escrever na nova Carta Magna o artigo estabelecendo que só vota quem quer votar.

O Congresso velho pela extinção ano que vem dos mandatos vai se ver numa situação crítica, vai apenas administrar o diálogo dos orçamentos, tudo em cima do pontual do ano de 2014 com o Poder Executivo. O Congresso Moribundo será privado de formular leis, de emendar a Constituição e de interferir em matérias constitucionais sendo discutidas pelos constituintes eleitos para mandato curtíssimo simultaneamente com o resultado de uma chuva de plebiscitos.


Os plebiscitos vão ser formulados pelo atual Congresso Moribundo e pelo Conselho Popular do Brasil nas Ruas. (Repito, formulei as sugestões para tal conselho do Brasil nas Ruas aqui no Facebook).

Estimo que a Constituinte Exclusiva a ser eleita no fim deste ano vá se desincumbir da tarefa em pouco mais de 100 dias, porque a Constituição Cidadã de 88 está aí com um belo arcabouço, muito dela não terá que ser mexido. E os constituintes de curto mandato estarão devidamente orientados pelas linhas mestras dos brasileiros nas decisões plebiscitárias.

É uma Constituinte para efetivar uma reforma política de modo a que os Três Poderes, nas três esferas, isto é, Federal, Estadual e Municipal, sejam enquadrados de modo a reduzir a insistência, a repetição com que diuturnamente envergonham e humilham a sociedade brasileira.

sábado, 22 de junho de 2013

BRASIL NA RUAS Uma agenda para nós e para Dilma


BRASIL NA RUAS
(Em 22/06/2013)

Uma agenda para nós e para Dilma


A história real não é bem aquela que emergiu da sua fala ontem à noite na TV. Mas a senhora abriu boas brechas para o Brasil nas Ruas avançar.

O fenômeno social Brasil nas Ruas saiu vitorioso na sua primeira semana de protestos. Baixou a tarifa, amansou um pouco - e não em todas as capitais - a polícia, isto é, os que a comandam, e adiou a PEC 37. Eram três dos itens que uniam os manifestantes.

Agora há uma miríade de reivindicações. Como pinçar entre estas algumas prioridades que unem os manifestantes? A principal é a mais difícil, complexa, demorada. Envolve a cultura de baixa civilidade. É a luta conta a corrupção que grassa em toda parte, em todos os poderes, dentro e fora dos governos.

Uma reivindicação de visibilidade mundial não une os manifestantes. É a coisa da Fifa, Copa do Mundo e dos estádios.

Como não há líder, o Movimento Passe Livre conseguiu os 20 centavos e até anunciou que não convocaria mais passeata. Com isto, reconheceu que não lidera. Todo mundo deve botar para fora seus anseios. E dessa quantidade que saiam as pautas de qualidade, isto é, a agenda que une de verdade os manifestantes.

Eu, por exemplo, sou contra o Fora Dilma. Sou contra a ideia de tumultuar as semifinais da Copa das Confederações. Concordo com Dilma, temos que ser educados, generosos com os nossos hóspedes. Somos anfitriões dos que estão no exterior nos vendo. Temos que ser generosos com os que estão aqui torcendo pela Espanha, a minha querida Itália e pelo Uruguai. Fico feliz com o Mundial 14 aqui no Brasil. Claro, sabemos que a Fifa é um antro de velhinhos espertos. Já "comandamos" essa máfia do futebol com Havelange e tal.

Fico feliz com os 12 estádios, espero que nenhum caia nem vire Engenhão. Temos as Olimpíadas de 2016. Sim, claro, há muito superfaturamento, roubalheira, erros nas construções. Os futuros operadores desses monumentos esportivos precisam ser vigiados, como os construtores, investigados. Mas sem tocar nos compromissos que firmamos com a Fifa e com outros povos. Esta pauta não une os milhões de manifestantes. Então eu a renego como prioridade de agenda para os próximos dias.

Dilma foi à TV e exibiu, com palavras cuidadosas, um ar de moderação. Os 15 minutos que antecederam ao seu "pronunciamiento" foram os mais loucos da loucura que acomete a grande mídia brasileira nesses dias que mudam o nosso mundo. O Jornal Nacional só deu destaque para o vandalismo. Um jornalismo que beira o estilo criminoso, ao criminalizar esse furacão de democracia que são as manifestações de milhões nas ruas.

Cabral e Paes já tinha feito seus pronunciamentos na TV durante o dia de ontem. Enfim, governantes e os mais poderosos congressistas já tinham demonstrado como estão alinhados com o jornalismo haraquiri praticado pelas grandes Redes de TV e pela grande mídia impressa/moribunda.

Basicamente, este "erro", que na verdade é uma estratégia contra o Brasil nas Ruas, consiste fundamentalmente em confundir o maior número possível de pessoas com relação ao que hoje de repete como protesto democrático. É a questão, sim, dos vândalos. Vândalo, não! Vandalismo, não!

O erro na verdade é um foco editorial, politicamente destinado a esvaziar o fenômeno social. Ou seja, políticos e donos da mídia consideram que o Brasil está ameaçado por uma minoria de vândalos.

Preciso repetir: há três tipos de vandalismo em ação neste momento. O vandalismo de saqueadores, que aproveitam a comoção, a multidão, para quebrar lojas, roubar mercadorias, é o clássico, a ocasião faz o ladrão. Este tipo de vândalo não merece bala de borracha, mas bala de chumbo.

O outro vândalo, que está sendo qualificado como se também fosse um saqueador, é um vândalo na verdade político, é um radical na revolta, ele só ataca símbolos do poder público. Palácios, assembleias, prefeituras e governos. Claro que dói ver prédios e até monumentos arquitetônicos quebrados. Mas era um preço a pagar nesses primeiros dias, nessa digamos fase heróica, os primeiros ovos de uma omelete social ainda distante. Esses vândalos revoltosos e políticos não foram capazes de demover nenhum participante do movimento pacífico da massa a continuar saindo às ruas. Milhões saem às ruas sabendo que haverá esses dois tipos de vândalo, o revoltoso político e o ladrão.

Quem confunde esses dois para justificar a violência da policia são os grandes meios de comunicação. A internet tem milhares de vídeos mostrando os excessos da polícia. A grande mídia raramente mostra um excesso do vandalismo das repressões governamentais, e quando mostra é por pouco tempo. Foi preciso que jornalistas levassem bala no olho para que as redações acordassem e assustassem os donos da grande mídia. Mesmo assim, esse movimento "A Imprensa Acordou" durou pouco e retrocede. Amansou Alckmin, mas parece insuflar a arrogância de Cabral e Eduardo Paes.

Ainda não chegamos ao terceiro vândalo, o pior do mundo, o que verdadeiramente une o povo brasileiro nesse Grande Não.

Precisamos de uma pauta antes de pensar em controlar esse vândalo maior que é o Estado, que são os nossos representantes nas três esferas da República nas três instâncias, os Três Poderes municipais, os Três estaduais e os Três federais.

Sem saber que ritmo terão as ruas nesses últimos dias de junho, se muita gente ou uma pausa para uma retomada mais grandiosa a partir de 1º de julho, não nos resta alternativa senão buscar uma agenda que nos una.

A fala de Dilma é um bom começo. Há temas genéricos que nos encantam. Avançar, como ela disse. E há sinais claros de que a sua retórica não nos satisfez. O seu pronunciamento está eivado de retórica vazia. Ontem circularam pelo Planalto, além do ministros e assessores tipo Franklin Martins, gente suspeita como José Sarney e Renan Calheiros.

Ora, a resposta de Dilma a esses primeiros dias que abalam a República não denotam e nem conotam nenhum movimento por parte da minha querida presidenta de que ela seja capaz de reduzir a taxa de corrupção reunida ao seu redor em nome da tal governabilidade. Muito ao contrário: Dilma teclou como a grande mídia, junto à grande mídia, martelou a ideia falsa de que não há três tipos de vândalos e que este vândalo demonizado não será tolerado porque estamos sob o primado da lei.

Mas a agenda, vamos a ela. Dilma disse que quer se reunir com representantes desse imenso Brasil nas Ruas. Mas como se não há lideres? Que conversa será essa? Então para encurtar: temos duas prioridades para os próximos dias.

A primeira: distinguir os dois tipos de vandalismo popular nas ruas. Os saqueadores ladrões, e os revoltosos políticos que atacam monumentos e símbolos do poder público. Eu quero mudança dentro dessa nossa democracia, sem tanto sangue, creio que a maioria também quer. É prioridade, a meu ver, que os milhões de manifestantes façam as autoridades compreenderem que há esses dois tipos. O ladrão que não merece nenhum perdão na hora de comoção nacional. E o vândalo revoltoso político radical, que tem apenas que ser enquadrado e marchar apenas como possibilidade última, a chamada linha de frente. Eu, você e mais 500 mil brasileiros vamos a uma passeata e tal, pacificamente, e sabemos que ali no meio haverá 2 ou 3 mil vândalos revoltosos políticos radicais. E estes 2 ou 3 mil irão sabendo que a ordem da maioria é não quebrar mais nada, nenhum prédio público. O recado da marquise do Congresso já foi dado, já corre o mundo. Não devemos repetir esse teatro. Os políticos já sabem que o povo pode entrar em qualquer prédio, monumento público, e que se for preciso, não será mais invasão simbólica para tirar fotos históricas, será para extirpá-los, levá-los ao cadafalso mais próximo, guilhotina ontem, quebra institucional ontem, revolução ontem, guerra civil ontem, enfim, a história no mundo está plena desses movimentos sociais.

Então a prioridade são manifestações pacíficas com os vândalos revoltosos políticos devidamente enquadrados.

E a segunda agenda dos três itens prioritários para o próximos dias... São três itens básicos, vamos chegar lá. A segunda é fazer entender à autoridade que a policia deve ficar o mais longe possível das multidões. Pouca policia, concentrada e hiper armada, excita os revoltosos vândalos políticos radicais e principalmente os vândalos ladrões. Menos policia visível, menos violência nas grandes manifestações democráticas. São Paulo já dá sinais disso. Deixar a policia escondida dentro dos prédios, e não diante de suas fachadas.

A propósito de policia, a corporação é como os cães, obedecem os donos, os comandos. Há cartazes ora insultando a policia, ora conclamando a participar do movimentos de rua porque os soldados ganham péssimos salários e aparecem como os nosso algozes, quando são apenas os paus mandados literalmente pelos verdadeiros verdugos, os governadores que mandam bater.

Há milhares de pequenos vídeos no youtube mostrando cenas de covardia ou despreparo da policia com milhares de manifestantes pacíficos. A polícia não é um tipo de vândalo, ela é uma vítima na condição de braço mais cruel do terceiro vândalo, que é o Estado.

Por ser uma instituição social, a maior de todas, o Estado se vale de um anonimato, o governante nunca é responsabilizado pelas ordens que a policia cumpre. Quando muito, o governante diz que vai mandar investigar uma denúncia qualquer de excesso de repressão.

Então, junto com o enquadramento dos dois tipos de vândalos no meio dos milhões de manifestantes pacíficos, outro item prioritário da agenda dos próximos dias é exigir do Estado que se contenha nesse momento de mandar a policia enquadrar a bombas e tiros os excessos de vândalos revoltosos políticos. Limite-se aos vândalos ladrões.

Menos policia visível nas passeatas e as passeatas serão as mais pacificas do mundo. A multidão, sem policia por perto, dobra a sua minoria revoltosa radical. E com isso, reduz o trabalho da polícia em nome da ordem, facilita a questão dos vândalos saqueadores de mercadorias e inimigos de toda ordem mínima.

Numa outra hora poderíamos discutir a questão dos infiltrados nesse dois tipos de vândalo nas manifestações, que são os agentes da própria policia, agentes de partidos políticos, agentes de sindicatos, centrais sindicais etc.

Então já desenhamos os esboço das prioridades. Conter os dois tipos de vândalos nas ruas e o braço armado do terceiro vândalo, o Estado, vândalo sim porque oferece aos que o sustentam com impostos esses péssimos hospitais e péssimas escolas para tantas crianças. Oferece policiais mal remunerados e mal treinados.

Contidos esses três vândalos apenas na esfera das ruas, das passeatas pacíficas, adentramos no discurso da Dilma exatamente aqui.

Quem serão os interlocutores da presidenta? Sugiro, e tenho certeza de que muita coisa que agora passo a sugerir talvez não seja factível, mas são ideias que funcionam como sementes para adensar ideias melhores, sugestões melhores para formar uma representação para interagir com Dilma Rousseff.

Criar um Conselho Popular do Brasil nas Ruas, com cerca de 100 integrantes. Esse conselho por sua vez vai eleger imediatamente um grupo de meia dúzia, não muito mais, nem muito menos.

Quem seriam esses 100 a nos representar? A OAB entraria com um nome em nome do presidente da OAB nacional e das 27 seccionais. Ele votam entre si. Os 81 senadores escolheriam um senador. Os 500 e poucos deputados, um deputado federal. A CNBB, um nome, bispo ou freira, pouco importa. Os evangélicos, um nome. As universidades federais, dois nomes, um estudante em nome dos alunos de todas as universidades e um professor em nome de todos os professores de todas as universidades. As estaduais do mesmo modo, dois nomes. As ongs brasileiras, um nome em nome de todas as milhares de ongs do Brasil. Também entrariam um nome em nome dos 27 governadores. O poder legislativo estadual com um nome em nome das 27 assembleias estaduais de deputados. O Judiciário Federal com um nome, talvez de um magistrado aposentado do Supremo. A Polícia Federal com um nome. As polícias militares com um nome em nome das 27 corporações estaduais. E assim por diante, formaríamos uma cadeia de representações passando ao largo dessas nocividades que são os atuais partidos políticos.

E esse conjunto de dezenas de nomes escolhidos no calor do Brasil nas Ruas teria uma única missão. Eleger um grupo de sete integrantes, ou 11 no máximo, um número ímpar, com poder decisório, para interagir com a comandante suprema Dilma Rousseff. Formular a agenda maior contra o terceiro vândalo.

Apesar de cartaz fora Dilma, fora Alckmin, fora Cabral, fora fulano e fora sicrano, estas reivindicações não unem o Brasil nas Ruas. Ao contrário, diluem. Claro, quem não gostaria de ver Renan na cadeia? A maioria gostaria de vê-lo punido por desmandos. Mas a agenda aqui sugerida surge apenas como um foco em itens prioritários para os próximos dias.

Enquadrar emergencialmente os três tipos de vândalos na ruas com o objetivo maior, que é posterior, é uma reforma radical, é enquadrar o terceiro e maior vândalo, os péssimos serviços do estado com essa democracia incapaz de enquadrar corruptos.

Riscos, sim, a gente morre de susto, bala ou vício. O susto pode ser o SUS, a bala pode ser de plástico, hall ou chumbo, e o vicio, pode ser a cracolândia exibindo nossas chagas em todas as cidades. Ou a mania de querer levar vantagem em tudo, problema cultural esse que prevalece num Congresso transformado em valhacouto de negociatas e troca-troca de toda ordem, grana e favores, cargos e comissões. Congresso que faz com que Dilma não tenha sequer uma oposição séria.

A base governista está ampla demais e mostrou as suas garras ontem à noite em cadeia de rádio e TV. Dilma ontem não parecia a minha querida presidenta. Parecia mais um quadro na grade da programação de uma mídia que vive do dinheiro dos impostos pagos pelos milhões que estão nas ruas.

Forjar esse conselho de 100 para eleger um pequeno de numero impar, sete ou 11, pode parecer complicado, mas em dez dias, se faz. A internet está aí, é um mutirão de emergência com novos representantes numa hora grave. Não é para ter folga, nem sábado nem domingo, não tem hora, é de dia, de noite, de madrugada, é uma emergência para institucionalizar o Brasil nas Ruas de modo a mostrar aos nossos representantes nas cidades, nos governos estaduais e no poder federal que ninguém está brincando de mudar o Brasil. Está-se mudando o Brasil.

O movimento é pacífico, apesar dos três tipos de vândalo. Mas se for acuado, se milhões de nós formos acuados, reprimidos a bombas e cacetadas ao leu, um triste cenário ameaça absolver um dos três tipos, e com isso reforçar a ação dos revoltosos políticos que atacam prédios públicos. Aí, sim, estaríamos à beira do caos, da revolução, talvez até de uma guerra civil.

Sinto isso na rua, a ira, a indignação crescente. Ontem à noite, conversei com os simpáticos irmãos Garcia, que são donos de uma loja de ferragem e peças domésticas na Praia de Botafogo. A loja Irmãos Garcia é apelidada no bairro de "Quebra-galho". Pois um dos Garcia me disse que ontem acabou a folha de compensado. Comerciantes da Zona Sul do Rio comprando às pressas folhas de compensado temendo balbúrdia, temendo por suas vidraças. Isso é grave.

A grande mídia está pintando uma mentira, que é fazer essa fusão de dois tipos de vândalos e ignorando o terceiro, com seu braço cruel, que é a pobre polícia batendo sem compreender por que bate. Com isso, a grande mídia excita os três tipos hoje nas ruas.

Dilma:

Nos próximos dias, enquanto se forja uma representação mínima do Brasil nas Ruas, faça um pouco por nós. Reduza o seu ministério, corte de uma penada pela metade, de 40 para 20, corte seus 20 milionários ministérios/20 centavos, reduza a governabilidade deles. Dê um sinal às multidões que só querem botar ordem nessa desordem. Dê um sinal melhor de amor ao Brasil e por amor a essa democracia que se quer melhor e que você ajudou a nascer e vai ajudar a fazê-la renascer, ou quase isso, porque a democracia está quase morta na vozes pacíficas das ruas.