terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Dona Canô, opção pela vida até o derradeiro adeus

Dona Canô deixou um Centro de Tratamento Intensivo em Salvador para passar as últimas horas no Centro de Vida Intensa, que é a família. Dona Canô não encantou o Brasil porque foi mãe de uma família numerosa em que se destacam dois artistas de genialidade exponencial. Não. Dona Canô encantou o Brasil também por seus encantos de mulher simples, exalando humanidade, generosidade. Foi-se aos 105 num tempo de tantas mães que se vão na flor da idade. O tempo não foi propriamente generoso com Dona Canô, curvou-se a ela. Os médicos não foram cruéis dando-lhe a alta, mas apenas solidários na decisão de permitir que passasse o último Natal em casa, eternizá-lo no gesto de optar pela vida, a família, até o instante do derradeiro adeus.

Por ser uma mãe distante, quer dizer, próxima do Brasil, mas conhecida de todos nós pelos caminhos inevitáveis do espaço das celebridades, Dona Canô se tornou uma mãe mítica, tão velhinha quanto Papai Noel.


Chorei sozinho ao ler a notícia no Google News... Nasceu o Menino Jesus, nasceu levando uma senhora mãe, mãe também um pouco de todos nós.


Dona Dilma, por favor, luto oficial já, em pleno Natal, sim. Tudo ficou triste, enquanto as crianças seguem fazendo o que precisam fazer e é tão bom neste dia de tantas saudades: brincar com os presentes do Bom Velhinho...


(Por Alfredo Herkenhoff, Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2012)