Quem for cético não se sentirá errado por constatar que nunca viu nada do empresário Eike Batista tão grandioso assim. Ah! Eike possui minas de carvão na Colômbia, minas no Chile, mas quem já foi lá ver o que há nesses grotões? Eike vai produzir com a IBM o software das futuras extrações de petróleo nas lonjuras abissais abaixo da camada de sal. Ah! Ele se associou a chineses e japoneses e vai produzir Ipad na Zona Franca de Manaus! Ah! Eike vai.. Ah, ele vai... Ah! Eike Batista está fazendo um mega porto em São João da Barra, norte do Estado do Rio de Janeiro, mas até hoje por ali não levou nem trouxe nenhum grão de nada. Sim há fotos na web mostrando um projeto em construção, um gigantesco píer de atracação. Ah, mas Eike trouxe para visitar o canteiro de obras o presidente da Hyundai, a indústria gigante da Coreia, indícios de planos para um polo de estaleiros no Norte fluminense. Os coreanos já deram uns milhõezinhos ao Eike como se quisessem marcar território: sim, vamos trabalhar com você. Vamos transferir a tecnologia da precisão na indústria naval mas queremos garantia de fatias do mercado. Ah! Eike é o dono da litorina Curitiba-Paranaguá, aquele trem que percorre despenhadeiros da Serra do Mar no Paraná, mas esta ferrovia existe desde o Século XIX. Ah! Eike vai refazer a linha férrea para que o carioca ou o turista possa ir no trenzinho de Dom Pedro II até a Serra de Petrópolis no fundo da Baía de Guanabara. Ah! Eike vai despoluir a Baía de Guanabara e a Lagoa Rodrigo de Freitas, vai tornar o Rio de Janeiro, além de belo, mais limpo. Ah! Eike é apaixonado pelo Rio! Somos todos. Sim, Eike comprou o belo Hotel Glória, colosso de 1922 diante da Baía de Guanabara! Que faça bom proveito! A reforma do prédio segue firme, mas, por favor, não destrua o Teatro Glória no térreo. Comprou por 25 anos o grande e belo edifício do Flamengo no Morro da Viúva. Ótimo negócio para Eike. Eike firmou contrato de venda de petróleo com a Shell, petróleo que o empresário descobriu na Bacia de Campos. Mas não extraiu ainda nenhum barril. Os primeiros estão emergindo agora neste verão de 2012...
Temos sim – Eike Batista é nosso, como um ícone do empreendedorismo brasileiro – ricos mais palpáveis: uns começam vendendo cerveja, outros, televisão, outros, celulares, outros, ferro, aço, carro, entretenimento. Mas não vemos Eike Batista vendendo nada de concreto, parece que está só comprando lanchas, jatinhos, trenzinhos, hotéis. Há um lado lúdico no que se pode visualizar da fortuna de Eike Batista. Mas o empresário vende sim, inventa projetos, vende projetos e seduz adeptos, ou sócios, vende sociedade, vende ações, numa verdadeira estratégia de bola de neve. Compra uma concessão e multiplica seu valor. Diz-se que num único dia ele ganhou mais de 10 bilhões de dólares. Terá arrumado dez parceiros, ou dez corporações, cada uma lhe dando um bilhão por acreditar na viabilidade de uma concessão? Sim, por mais arrojado que seja um investidor, só bota um bilhão no Grupo EBX, a nave-mãe das empresas de Eike Batista, se tiver garantia de que, em algum momento futuro, na hora de assinar o cheque, o produto poderá de fato ser extraído da terra, seja o oil and gas do Pré-sal, seja o ouro selvagem da Amazônia, o carvão guerrilheiro da Colômbia ou o potássio peronista nos Pampas ou o níquel ou o cobre não na Patagônia chilena, mas do deserto de Atacama. (continua)