Eu gostaria de ajudar a
eleger João Vicente Goulart
para a Presidência da República Federativa do
Brasil.
Eleger o filho de João Goulart seria um desagravo monumental do país pelo
golpe de 1964, golpe que compreendo como consequência da polarização da Guerra
Fria, consequência da radicalização das esquerdas excitadas com a Revolução Cubana,
consequência da radicalização das forças conservadoras, que já tinham sido
abortadas na primeira tentativa de derrubar um presidente eleito na base da
mesma presunção de culpa, em 64 a invenção de que Jango fosse comunista, em 54, a de que Getúlio soubesse do Gregório no mar de lama, o atentado a Lacerda
em Copacabana .Vingou nas duas situações o domínio do fato, como vinga agora no
Supremo também sob influência de uma mídia que, já mais calejada, promove edições
de olho numa possível reviravolta que tire Dilma do poder e recoloque no Planalto quem já por lá esteve por muito tempo.
Golpe de 64 que
compreendo ainda como consequência também de medo até da Igreja Católica, que do
púlpito insuflou fieis a se levantar contra
o governo federal. E claro, medo de Washington de que a moda cubana se
alastrasse.
Nesse balanço dos 50 anos do golpe, militantes
e professores dizendo que o golpe não contou
como apoio do povão, apenas da classe média e dos poderes liberais e conservadores
presentes na classe política e nos grandes meios de comunicação, exatamente
como hoje... Mas vejo que a massa, na ocasião do golpe, estava simplesmente
alienada ou anestesiada pela mídia. E
sim, houve as passeatas conservadoras maiores em São Paulo,mas houve também em muitas
dezenas de cidades, houve até no Meu Pequeno Cachoeiro...
Por isso concordo que o
golpe foi civil e militar. E Jango, ao recusar a fidelidade do setor sulino do
Exército, evitou um banho de sangue inútil. Nesse sentido, ele foi um herói, um
herói em silêncio, como Getúlio também foi em silêncio, ao se matar de forma
premeditada. A carta-testamento bem escrita, datilografada, revisada até por
aquele assessor, como é mesmo nome dele,
é Lourival?
Bem, só não vou votar em
João Vicente em duas situações: Se a vitória da Dilma Rousseff estiver ameaçadíssima
por essa campanha que apenas começa a rolar na grande mídia e, se, claro, o
Carlos Lupi, na chefia do PDT, conseguir impedir que o filho de João Goulart
saia candidato.
Mas votar
nele é uma necessidade que vem do fundo da minha consciência. E nessa
levada, imagino que se, milagrosamente, a candidatura de João Vicente explodisse, como a de Barack Obama explodiu
via internet em 2008, as ruas do Junho em Chamas sorririam como há muitas décadas
não sorri. Sonhar não custa nada... As ruas soariam vitoriosas...
O Brasil anda meio triste,
as Olimpíadas estão por um fio, o Maracanã virou um espaço fashion, não
há mais
negritude na arquibancada. Ninguém fala em enfeitar as ruas a seis semanas do
início do Mundial. Tudo muito estranho. Só João Vicente parece não
perder a calma, parece sim que ele herdou foi a serenidade do pai.
(Por Alfredo
Herkenhoff)