Nesta sexta-feira,
13 de abril, o velho malandro Beto Monteiro se apresenta de
novo na Toca da Formiga, um antiquário na Rua da Lapa, 102, a 40 metros do
Teatro Cecília Meirelles.
Beto Monteiro com chapén e bom apetite ao lado do jornalista Álvaro Costa e Silva, o Marechal, fazendo pouco caso da spaguetada servida pelo sempre gentil e bem humorado garçom Cícero. Restaurante Nova Capela, idos de 2006. (Arquivo do Correio da Lapa).
Música de alta qualidade, ambiente que faz
lembrar as velhas rodas de samba que marcaram a nova fase feérica da Lapa a
partir dos Anos 90 na Rua do Lavradio, onde hoje pontifica o RioScenarium, com aquele
clima descontraído, sob animação de gene como Lefê Almeida, Hélio Delgado, Zózimo
Bubul etc. em meios a móveis antigos, lances surreais.
Na Toca da Formiga, Beto Monteiro toca e canta num antiquário que
também é gráfica/editora, onde sobressai
um Fusca pendurado sobre nossas cabeças,
no teto da casa, literalmente de cabeça pra baixo, você vendo as rodas, o
chassis do velho besouro que não queremos nunca em extinção.
Sim, a fase ainda é heróica, a cozinha da Toca
da Raposa se limita a cerveja, uns poucos destilados e tira-gosto do tipo
queijo. Nada além. Ainda não á propriamente cozinha, mas um início, e lá está uma
laboriosa senhora, a atendente de nome Eliete, que prepara uma caipirinha com
muito esmero. E tudo a bon marché. Cabem apenas
umas 50 pessoas sentadas nos velhos bancos, cadeiras, algumas centenárias até.
Dez pratas pra entrar.
E músicos de primeira linha. Nesta sexta, Beto Monteiro traz como convidados Victor Bertrami,
baterista da família jazzística do Azimuth, Roberto Loureiro e sua magic flute e o pianista José Pité, um
craque de um balanço prazeroso, da turma
de O. Milito, ambos consagrados na noite
desde dos tempos da Bossa Nova. É bom reservar mesa pra não assistir em pé (tel:
2224.7938) . Mas mesmo de pé também é muito bom.
É como se fosse
um botequim mágico, lapiano como quase não há mais nesses tempos de choque de
ordem turistóide. Fui sexta passada e vou de novo amanhã. Noitada certa a
partir das 21h. E lá pelas onze e tantas, quem quiser, ou puder, estica pelas
bandas do Largo da Lapa lotado ou avança pelo Leblon adentro.
A Toca da Formiga fica ao lado do estacionamento
da ACM, Associação Cristã dos Moços, que nome mais singelamente demodê! My God!
Então combinamos assim: nos vemos amanhã lá na
Toca da Formiga, uma miniatura do clima igualmente mágico do RioScenarium em
seus primórdios.
(Por Alfredo Herkenhoff, Rio de Janeiro, quinta-feira, 12 de abril de 2012)