A chacina em Suzano foge do padrão de loucos agindo individualmente e se matando ou sendo mortos no desfecho de operação terrorista. Foge do padrão porque foi ato premeditado coletivamente. Apenas dois entraram na escola, mas isso equivale a um coletivo. Foi um atentado político centrado em exibicionismo da mesmice vigente nas redes, grande mídia e discursos de ódio.
Os terroristas pop, no sentido não de popular, mas de iconografia de bonecos, deboches, caricaturas de celebridades, cartoons, heróis de filmes de ação, anarquismo etc, são réplicas do poder midiático hoje numa conjugação mal disfarçada entre a grande mídia e as linguagens sofisticadas dos ataques cibernéticos na linha da Analytica Cambridge de Steve Bannon e Roger Stone propiciando vitórias a Brexit, Trump, Bolsonaro etc. Os dois rapazes de 17 e 25 anos reproduziram a violência dos novos tempos reduzindo qualidade e investimentos em educação, jovens, saúde atacando seus iguais, jovens naquele trânsito entre a infância e a vida adulta.
Nesse sentido, os dois jovens terroristas apenas ilustram, sem ter noção do que estavam fazendo, as políticas econômicas e culturais dos golpistas antinacionais.
Os primeiros habitantes americanos, os indígenas, tinham lanças, arcos, flechas, tacapes, bordunas e zarabatanas. Não conheciam a pólvora e nem as bestas, um primórdio de arma automática na evolução do arco-e-flecha. Os dois terroristas pop não trajaram e nem usaram nenhum utensílio que remetesse aos povos originais do nosso chão. Os dois jovens mentecaptos apenas exalaram o que lhes foi imposto: o ódio a si próprios. Não houve dois suicídios no episódio da Escola Raul Brasil. Raul remete no jargão brincalhão da boemia a vomitar. Brasil é a brasa, a madeira do pau que dá boa tintura vermelha. Os dois vomitaram sangue. Cada corpo perfurado foi um suicídio a mais. Uma dúzia, pouco mais, pouco menos, foram sucessivos suicídios por procuração. Os dois jovens terroristas agiram como milicianos precoces. Fizeram uma limpeza. Varreram para baixo do chão, ou para o misterioso terreno das saudades, jovens estudantes que, muito provavelmente, viram os mesmos filmes, os mesmos programas noticiosos, jogaram os mesmos games, receberam as mesmas mensagens via WhatsApp, Feicis e Instagrams.
Mas, para além do fenômeno de dois jovens memes armados de arminha 38, loaders baratos, uma besta medieval, máscaras de caveira e outros itens da iconografia do pop norte-americanizado, o atentado terrorista ocorreu como um espelhamento de nossa ignorância, nossa estupidez, nossa epidemia de ódio e desinformação. Tivessem escapado do suicídio e de uma eventual execução por parte dos policiais, os dois jovens terroristas possivelmente seriam declarados inimputáveis, loucos de pedra.
Do mesmo modo, esses dois terroristas em SP provavelmente agiram pensando que estavam fazendo a coisa certa, a coisa boa para eles. Cada jovem que matavam era uma salvação em seus miolos destroçados pelos mais velhos lhes ensinando a odiar.
Os
parentes e amigos dos dois jovens terroristas vão exclamar pasmo. Ora, ele era
meio esquisito, meio extravagante, mas jamais imaginamos que pudesse fazer algo
tão feio assim.
O feio
é lindo hoje no mundo. Os dois jovens entraram na escola se achando os tais,
taokey? Os dois deram, inconscientemente, a resposta que os golpistas estão
solicitando aos brasileiros. Matem-se. Mas não nos impeçam de continuar
destruindo a social democracia, ou trabalhismo, ou wellfare state, nada de
sonhar com a China e os novecentos milhões de chineses atendidos pela
Previdência chinesa, nada de sonhar com Pequim com um SUS local atendendo a 1
bilhão e trezentos milhões de chineses.
Aqui é Brasil. Quem manda nessa porra é o Jair, taokey?