sábado, 21 de julho de 2012

Globo e REcord nos Jogos de Londres 2012. Fátima Bernardes corre risco.

Jornalismo em crise na Globo e no mundo

Os quatro grandes acontecimentos em curso neste 2012 são, sem ordem hierárquica, na minha subjetivérrima avaliação: a Guerra Civil na Síria, a crise econômica dos governos falidos da Europa, a reeleição ou não de Barack Obama e as Olimpíadas de Londres. A TV Globo só noticia três desses acontecimentos. Já chegaram a Londres os primeiros milhares de jornalistas para documentar a competição. Estima-se que estarão na capital 21 mil repórteres. Mas o setor comercial da TV Globo decidiu que isso não é notícia, o negócio é autocensura. A culpa não é da fortuna do Edyr Macedo ganhador de licitações. Mas do COI, com o seu péssimo exemplo de vender a transmissão para uma única emissora aberta. A mesma falha que comete a prefeitura do Rio-com-Liesa no Carnaval da Sapucaí. Se houvesse duas TVs abertas na cobertura, a concorrência seria salutar para o jornalismo e para a audiência, para atletas, foliões e telespectadores, todos nós.
Dizem que Lula tentou chave de galão com ajuda do saudoso José Alencar para levar a Record a fazer um acordo com a Globo... Dizem que Dilma também tentou a chave de galão. Macedo, vitorioso e generoso com os dois presidentes que ele tanto apoiou e apoia, até admitiu ceder e fazer parceria excepcional. Mas exigiu uma única condição, cláusula pétrea: que a Globo, em vez de exibir seu logo no canto da telinha, mostrasse o tempo todo em toda transmissão esses dizeres: "Imagem gentilmente cedida pela Rede Record". Os Manos Marinhos não aceitaram. Dizem, não sei se nada disso é verdade. Mas onde tem fumaça, tem jogo.
 
Darya Klishina, uma das dez mulheres mais bonitas dos Jogos de Londres. Ela vai disputar ouro com a Maurren Maggi no salto a distância. Outra musa hiper cotada, está entre as dez mais, é a goleiraça da Seleção feminina de futebol dos EUA. A propósito, a estreia do Brasil da Rainha Marta é já nessa quarta-feira...Tô ligado, morô?
  Nimeyer: Brasília virou um penico
O General Costa e Silva, que ficou um curto período na chefia da ditadura, detestava Brasília. Governava mais a partir da Zona Sul do Rio e do Palácio Laranjeiras do que do Plano Piloto. Um belo dia, desabafou com o seu ministro da Saúde. E diante da Esplanada dos Ministérios, lamentando e exalando pessimismo com a capital, dizendo não ver saída para aquilo tudo, perguntou ao assessor: qual o futuro dessa merda? E a resposta foi uma única palavra do ministro: "Vegas".

Sim, Brasília é o cassino dos caciques, é só jogatina com o dinheiro público. Qual a atividade principal do empresário Charlie Waterfalls? Produtos farmacêuticos? Serviços de corrupção para contratos e nomeações? Não faço ideia. Vomito.
Rola na internet uma declaração curiosa que é atribuida a Oscar Niemeyer. Ele diz que Brasília foi pensada como vaso de flores, mas acabou transformada em penico pelos políticos. Diz que em vez de formato de avião, o Plano Piloto deveria ter sido melhor desenhado, com formato de camburão.

 
Curioso nesse dueto bilingue é que Sinatra não pronuncia Ipanema como fazem os americanos, "Ipanima", mas como faz o Tom Jobim, como todos nós, "Ipanêma". Cantando enquanto fuma, The Voice dá uma bela baforada no fim. Tom parece ter inveja, mas cantar, fumar e tocar violão ao mesmo tempo não seria possível. Monstros acima do bem e do mal, esses dois não morrem nunca...
 
  Maravilhosa Fátima Bernardes...
  Dos vários programas semelhantes da Rede Globo, Encontro é o melhor. Critiquei-o exatamente pela excelência. O programa de Fátima é melhor do que o da linda Maria Beltrão na Globonews (este é meio afrescalhado), é melhor do que o da Ana Maria Braga, que é excessivamente generosa, um sitio do picapau doméstico. A querida Ana está quase virando Vovó Benta do Apê. Melhor do que o do Serginho Groisman, que é muito enrugado pra tanta juventude. É melhor do que o VideoShow, que é o mais radical daquela máxima do poeta Mallarmé: o mundo só  existe para abortar não um livro, mas a própria TV Globo, Globo parindo Globo, um replay do replay do replay. O da Fátima é melhor do que o do Jô, ligeiramente engessado no formato e horário errático. 
 E sendo o novo programa da Fátima o melhor de todos, corre riscos. É caro, uma hora e meia ao vivo diariamente. Por ter qualidade, não terá audiência alta. E isso é fatal numa grande emissora, ainda a melhor TV aberta do Brasil e uma das melhores abertas do mundo. Mas em decadência. E o principal: no universo das celebridades globais, rola uma ciumeira do cão. A TV não mostra, claro, mas aquilo tá chei de neguim querendo apunhalar o colega, ver a caveira, o ibope despencado.
 Em se confirmando essa minha hipótese, resta a questão: quanto tempo a Globo vai resistir sustentando essa alta qualidade do caríssimo programa Encontro com Fátima Bernardes? Um ano, ano e meio? Alternativas: reduzi-lo e migrá-lo para a Globo News.

 Vantagem de estender a Fátima mesmo a custo elevado... Considerações: o programa não precisa ser líder do horário, precisa apenas conter o concorrente direto e semelhante que rola na mesma hora na Record com Edu, sua culinária para classe média baixa e os coleguinhas com aquelas  fofoquinhas das celebridades da emissora do bispo em meio a pequenas inserções jornalísticas ao vivo.
Não sei se nada disso é verdade. Mas onde tem briga pelo Ibope com a Record, tem pânico na Globo. 
(Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 21 de julho de 2012)